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    Amamentação no Brasil está aquém do que estipula a OMS, diz estudo

    Segundo a OMS, a meta é atingir 70% dos bebês de até 6 meses recebendo leite exclusivamente materno. A taxa atual no Brasil é de 45,8%

    Iuri Corsinida CNN , Rio de Janeiro

    Mais da metade das crianças no Brasil são amamentadas por mais de 1 ano e 4 meses. Quase todas elas (96,2%) mamaram ao menos uma vez. E, dois a cada três bebês (62,4%), foram aleitados na primeira hora de vida.

    Atualmente no Brasil, o aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses abrange 45,8% dos bebês, 52,1% das crianças de até 12 meses e 35,5% em bebês de até 24 meses de vida.

    Os números são abaixo da meta da OMS, de atingir, até 2030, 70% de aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses.

    Os dados são de uma pesquisa inédita feita pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), encomendada pelo Ministério da Saúde e coordenada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam que o aleitamento materno seja mantido até os dois anos de idade ou mais, e que os bebês até o sexto mês de vida tomem apenas leite do peito.

    Apesar de ter identificado um aumento de mais de 12 vezes em relação a prevalência de amamentação exclusiva entre crianças menores de quatro meses, na comparação com o ano de 1986, o coordenador nacional do Enani, Gilbero Kac, professor titular do Instituto de Nutrição Josué de Castro, da UFRJ, alertou que os números ainda estão distantes das metas estipuladas pela OMS.

    Para melhorar essas taxas no Brasil, o pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz e coordenador da área de Aleitamento Materno do Enani-2019, Cristiano Boccolini, alerta que é preciso mais atenção por parte do poder público para as mães que estão amamentando.

    “O Brasil precisa ampliar o apoio à mulher que amamenta. Oferecer nos serviços de saúde uma atenção especializada para essas mulheres, dando a elas todo o apoio e segurança em relação a dúvidas e dificuldades que elas possam ter em relação ao aleitamento materno”, ressalta.

    Outro dado apresentado mostra que uma em cada cinco mães amamentou o filho de outra pessoa ou deixou seu filho ser amamentado por outra mulher.

    É a primeira vez que uma pesquisa de representatividade nacional aborda a chamada amamentação cruzada, prática essa contraindicada pelo Ministério da Saúde devido ao risco de transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).

    A amamentação cruzada tem sido mais frequente na região Norte do país (34,8%). Depois aparecem as regiões Sudeste (21,3%), Nordeste (20,3%), Centro-Oeste (18,7%) e Sul (12,5%).

    Já em relação ao perfil das mulheres, a prevalência dessa prática é mais comum entre mulheres pretas (24,8%) e pardas (23,7%), depois aparecem as mulheres brancas (15,5%).

    Ainda de acordo com o levantamento do Enani, a doação para bancos de leite humano (BLH) é baixa e apenas 4,8% das mães de crianças com menos de dois anos de idade aderiram à prática.

    Segundo Boccolini, o aleitamento materno pode ser prejudicado pelo uso de chupetas e mamadeiras.

    “Esses objetos podem gerar a chamada confusão de bico, em que o bebê não consegue fazer a pega correta no peito da mãe. Isso pode levar ao desmame precoce”, diz ele.

    O Enani é a primeira pesquisa com abrangência nacional que avaliou, de forma simultânea, as práticas de aleitamento materno, alimentação complementar e consumo alimentar individual, em crianças menores de 5 anos.

    Foram feitas visitas em domicílios de 123 municípios do país entre fevereiro de 2019 e março de 2020, abrangendo 14.558 crianças menores de 5 anos.

    O estudo, encomendado pelo MS, e coordenado pelo Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi feito em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), com financiamento da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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