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    COVID-19: testes de medicamentos devem ser avaliados com cautela, diz médico

    Sociedade Brasileira de Infectologia alerta sobre os perigos do uso de remédios sem comprovação científica

    A Sociedade Brasileira de Infectologia, por meio de uma carta, pede cautela com relação aos medicamentos utilizados nos tratamentos de pacientes com a COVID-19. No documento a entidade alerta para os riscos de pesquisas sem embasamento científico e demonstra preocupação em relação ao uso indiscriminado de medicamentos sem comprovação científica. 

    Em uma coletiva, na quarta-feira (15), O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes (PSL), citou um medicamento que está tendo uma alta taxa de eficácia no tratamento do coronavírus. Sobre isso, o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clovis Arns da Cunha, disse à CNN, que é preciso entender em qual população estão sendo feitos os testes e estudos, uma vez que a taxa de letalidade, para pessoas saudáveis e abaixo dos 40, seria de apenas 0,01%. “99,9% dos pacientes com menos de 40 anos, sem comorbidades, serão curados da COVID-19 sem que fiquem com sequelas”, afirmou Clovis.

    Sendo assim, se este medicamento estiver sendo estudado em pacientes jovens, com menos de 40, ele teria baixa eficácia, já que o esperado é 99% de cura. Mas se estiver sendo feito em pacientes que já estão na UTI, uma taxa de mais de 90% seria excelente. “Nós dizermos que uma medicação tem 95% de eficácia, as vezes, pode ser uma desinformação. Porque não sabemos se esses estudos foram in vitro [laboratório] ou em vivo [em pessoas]. E se for em vivo, em qual estágio da doença foi aplicado”, explica Arns da Cunha.

    Novas pesquisas clínicas

    Atualmente, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, 657 pesquisas clínicas que estão na plataforma internacional Clinial Trials (clinicaltrials.gov/) e são inúmeras as drogas que estão sendo pesquisadas, inclusive por várias instituições brasileiras. Dessa forma, é possível, com bastante cautela, se fazer o uso compassivo de medicamentos ainda não aprovados, mas já com indícios de que possam funcionar no tratamento do coronavírus. “Em uma situação grave, especialmente no paciente crítico, que está morrendo da infecção [pulmonar], é compreensível a gente poder oferecer algumas dessas terapias que ainda estão em fase de pesquisa”. 

    Sobre a Cloroquina, Clovis cita o quão bem feito foi o estudo em Manaus, que conseguiu chegar à uma observação sobre o uso da droga. “Quem recebeu a cloroquina em uma dose um pouquinho maior, eles observaram que podia ser que tivesse uma tendência a ter mais complicação cardíaca, consequentemente, eles suspenderam o estudo, suspenderam o recrutamento, até poder avaliar melhor. Isso é uma prova da preocupação que se tem, não só com a eficácia de uma medicação, mas também com a sua segurança”.

    Segundo o médico, o próprio vírus que desencadeia a COVID-19 pode afetar o coração. Então, ao usar uma medicação que também causa dano ao miocárdio, é importante manter um grupo de controle, formado por pacientes com coronavírus que não recebem a cloroquina, e poder, ao final, compará-los aos que estão fazendo o tratamento com a substância.

     

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