90% de fundo científico continua bloqueado na pandemia, diz Pontes
Temos necessidade de ter liberação maior, diz ministro da CIência e Tecnologia
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marcos Pontes, revelou nesta quarta-feira (24) que 90% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico (FNDTC) permanecem contingenciados pelo governo federal mesmo diante da crise internacional de saúde causada pela Covid-19.
“Temos necessidade de ter liberação maior. A ciência é a única arma que nós temos para vencer o inimigo que é o vírus. A pandemia ressalta a importância da ciência. Nossos pesquisadores são de categoria internacional. Temos uma infraestrutura, que óbvio precisa de mais investimento”, afirmou durante reunião da comissão externa da Câmara destinada a acompanhar ações preventivas de combate ao novo coronavírus.
A relatora da comissão, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), lembrou que em momentos de emergência fiscal, o MCTI é o primeiro a sofrer corte de verbas e defendeu que Orçamento de 2021 deve garantir recursos adequados para a ciência e tecnologia. “Sempre se corta lá, como se fosse ministério desnecessário, e a pandemia mostrou como é necessário”, disse Zanotto.
Segundo Pontes, todos os ministérios sofrem com a falta de recursos, mas o investimento em ciência e tecnologia se mostrou essencial para o desenvolvimento do país e pode ser solução para a crise. Ele deu como exemplo países citados pelo presidente Jair Bolsonaro, como Israel, que investe 4% do PIB no setor.
“O Brasil precisa seguir essa linha”, disse ao destacar que essa destinação de recursos será essencial também para enfrentar as próximas pandemias.
Testes
Durante a audiência, o ministro listou ações do MCTI voltadas ao enfrentamento da Covid-19. Uma delas são os testes de medicamentos existentes que podem ajudar na recuperação de doentes. Afirmou que o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais identificou cinco remédios com potencial para combater a replicação do novo coronavírus, entre eles a nitazoxanida (Anitta), que reduziu em 94% a carga viral em células infectadas “in vitro”.
Pontes revelou, no entanto, que o centro enfrenta dificuldades para conseguir os voluntários para os testes. São necessários 500 pacientes com pneumonia, tosse seca e febre, mas só há 230 voluntários até agora.
Questionado sobre os testes com a hidroxicloroquina, o ministro afirmou que existem experimentos com a substância em vários países e que o MCTI decidiu concentrar esforços na nitazoxanida.
Vacinas
Pontes explicou que o Brasil participa, com 44 países, do consórcio internacional acelerador de vacinas coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para ele, isso é importante porque o Brasil poderá se beneficiar de resultados obtidos por qualquer um dos países do grupo.
“Se há uma questão boa, se é que podemos falar assim da pandemia, foi a união dos países para trocas de informações científicas”, afirmou.
O ministro disse ainda que o início, no último fim de semana, dos testes em voluntários brasileiros da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Nos testes conduzidos pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), serão vacinados inicialmente 2 mil voluntários.
Pontes listou ainda ações de comunicações, como a liberação de canais de multiprogramação para que secretarias estaduais de educação possam realizar aulas remotas durante o isolamento social, e a instalação de internet em unidades básicas de saúde.