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    Zambelli foi autora intelectual de ataque hacker ao sistema do CNJ, diz PGR

    Pagamento a Delgatti pelos serviços teriam sido escondidos por meio de empresa que trabalhou para candidatos do PL

    Lucas MendesTeo Curyda CNN , Brasília

    A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) teve “papel central” na invasão dos sistemas eletrônicos do Judiciário e foi a “autora intelectual” do ataque hacker, disse a Procuradoria-Geral da República (PGR) ao apresentar denúncia contra a congressista.

    Zambelli, conforme a acusação, “arregimentou” o hacker Walter Delgatti, prometendo a ele benefícios em troca dos serviços.

    Segundo o procurador-geral da República Paulo Gonet, o objetivo era “gerar ambiente de desmoralização da Justiça Brasileira, para obter vantagem de ordem política, propondo-se, desde o princípio, à invasão a dispositivo informático, que, afinal, determinou, participando ativamente de produção de ordem judicial ideologicamente falsa”.

    A deputada e o hacker foram denunciados pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. O inquérito tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

    Na denúncia, Gonet ressaltou que o próprio Delgatti confessou as invasões, que também ficaram demonstradas por análise de perícia.

    Uma das invasões resultou na emissão de um falso mandado de prisão contra Moraes, como se ele mesmo tivesse determinando a própria prisão.

    “Walter Delgatti afirmou ter executado as invasões, por ordem de Carla Zambelli, explanando o modo pelo qual teve acesso ao sistema”, disse Gonet. “Asseverou ter tido acesso aos ‘códigos fonte do CNJ e que estava explorando a plataforma, a fim de encontrar vulnerabilidade que lhe desse acesso direto à INTRANET’. Confirmou ter acessado a intranet do CNJ e ‘até [haver emitido] o Mandado de Prisão em nome do Ministro Alexandre de Moraes e solicitar a quebra bancária do Ministro, isso já janeiro de 2023’”.

    Pagamento escondido

    Conforme a denúncia, Zambelli contratou os serviços de Delgatti e teria prometido “trabalho” a ele. A PGR cita relatório da Polícia Federal que confirmou que o hacker “trabalhava para a denunciada [Zambelli], sendo de se realçar que ele detinha informações de acesso a sítios eletrônicos e a servidores associados à parlamentar”.

    Ainda de acordo com a acusação, o pagamento era “escamoteado”, para tentar encobrir a relação, e feito por meio de um terceiro – Jean Hernani, funcionário do gabinete de Zambelli. Ele não foi denunciado no caso.

    Segundo a investigação, Hernani pagou o hacker depois de receber o dinheiro da empresa da esposa, na época, contratada para cuidar das redes sociais e materiais de campanha de uma frente parlamentar de doze candidatos do PL.

    Vantagem midiática e política

    Conforme a PGR, Zambelli “comandou a invasão” a sistemas institucionais usados pelo Poder Judiciário, “mediante planejamento, arregimentação e comando de pessoa com aptidão técnica e meios necessários ao cumprimento” da tarefa, com o fim de “adulterar informações, sem autorização expressa ou tácita de quem de direito”.

    Já Delgatti, sob o comando da deputada, de acordo com a PGR, entre agosto de 2022 e janeiro de 2023, “invadiu dispositivos informáticos utilizados pelo Poder Judiciário, com o fim de adulterar informações, sem autorização expressa ou tácita de quem de direito”.

    “Os acusados buscavam obter vantagem de ordem midiática e política, que adviria do projeto de desmoralização do sistema de Justiça, bem como causar danos ao funcionamento da máquina administrativa judiciária”, declarou Gonet.

    “Assinale-se que CARLA ZAMBELLI dedicava-se, ao tempo, a desmerecer o sistema eleitoral digitalizado, tema adotado como tópico de captação de apoio popular. Desacreditar o sistema informático em órgãos da Justiça serviria a esse intuito”.

    Outro lado

    Em nota à imprensa, a defesa de Zambelli disse ter recebido “com surpresa” o oferecimento da denúncia.

    “Inexiste qualquer prova efetiva que ela tivesse de alguma forma colaborado, instigado e ou incentivado o mitômano Walter Delgati a praticar as ações que praticou”, afirmou a defesa.

    “A narrativa dele acusando a Deputada e terceiras pessoas foi desmentida pela própria investigação, e a defesa irá exercer sua amplitude para demonstrar que ela não praticou as infrações penais pelas quais foi acusada”.

    Procurada pela CNN, a defesa de Walter Delgatti se pronunciou dizendo que seu cliente “é réu confesso na invasão do CNJ, portanto não é surpresa a denúncia em seu desfavor. Com relação a denúncia perpetrada a Carla Zambelli só confirma que Walter falou a verdade”.

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