Witzel dirá à CPI que Flávio Bolsonaro controla hospitais federais do RJ
Comissão vota nesta sexta-feira (18) se escuta ex-governador em reunião secreta
O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel pretende relatar, em reunião secreta com os senadores da CPI da Pandemia, uma suposta influência do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) na indicação de cargos dos hospitais federais do Rio de Janeiro.
Ex-integrantes da área de saúde do Rio de Janeiro relataram à CNN que já está traçada uma linha argumentativa de Witzel para atribuir ao filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) o controle sobre os seis hospitais administrados pelo Ministério da Saúde no estado.
A CPI da Pandemia se reúne nessa sexta-feira (18) para decidir se Witzel será ouvido novamente, mas desta vez em uma sessão secreta. O requerimento foi feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão.
Nesta quarta-feira (16), o ex-chefe do Executivo estadual fluminense disse que as unidades federais são “intocáveis” e possuem um “dono” que os senadores podem descobrir. Em resposta, o senador Flávio Bolsonaro disse à CNN que jamais indicou cargos para hospitais federais e que o ex-governador do Rio é “criminoso e mentiroso”.
Em almoço na Zona Oeste do Rio de Janeiro, Flávio disse que não sabe, sequer, o nome dos diretores das unidades federais e que Witzel será processado caso não apresente provas.
Antes de falar à CPI, Witzel procurou vários ex-secretários e técnicos que integraram seu governo, na intenção de reunir documentos sobre diversos assuntos relacionados à pandemia, como repasses financeiros feitos pela União e dados sobre compra de respiradores.
Nessas conversas, Witzel deixou claro que iria lembrar aos senadores que tentou assumir a gestão dos hospitais federais do Rio de Janeiro, e que o movimento não fora bem-sucedido. Ex-integrantes do governo estadual confirmaram à ideia à CNN, mas não atribuíram o fato à influência política de Flávio Bolsonaro – disseram que a proposta é antiga, vem de outros governos e não prosperou no ano passado face o rompimento entre o então governador e o presidente Jair Bolsonaro.
Atuação de criminosos em hospitais
Na reunião secreta com a CPI, Witzel pretende dar detalhes sobre supostas atuações de criminosos nos hospitais federais – sobretudo o de Bonsucesso, maior da rede pública do Rio de Janeiro. Para a descoberta da suposta atuação de criminosos, Witzel sugeriu que a CPI quebre o sigilo dos responsáveis pela gestão dos hospitais e das empresas contratadas para prestar serviço para as unidades.
Gestores que passaram pela Saúde do Rio de Janeiro avaliam que a CPI pode contribuir para descobrir informações sobre os problemas na regulação de leitos hospitalares no estado. Apesar de serem unidades de saúde fundamentais, não há uma centralização de informações. Isso, argumentam as fontes ouvidas pela CNN, gera a possibilidade de que a gestão das unidades possa ser feita em troco de votos.
“Leito, no Rio, é igual a voto. É possível manipular o sistema federal e passar pessoas à frente em cirurgias, por exemplo”, disse um gestor que atuou por anos na Saúde do Rio de Janeiro e passou meses na administração Witzel.
Hospitais como o de Bonsucesso, que fazem tratamentos complexos como hemodiálise, cirurgias de alto risco e tratamento de câncer, são vistos como ativos importantes para políticos no estado há muitos anos.
Um técnico importante ouvido pela CNN afirmou que espera ver, da CPI, um caminho para “fazer os hospitais federais funcionarem melhor”. Além de Bonsucesso, o Rio de Janeiro tem ainda os hospitais federais do Andaraí, Cardoso Fontes, Ipanema, Lagoa e dos Servidores do Estado.