Weintraub pode ter cometido crime de falsa identidade, avalia advogado
Exoneração do ex-ministro da Educação só foi publicada após ele chegar aos EUA
O advogado Fernando Castelo Branco, professor de Processo Penal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), explicou à CNN, nesta segunda-feira (22), que o ex-ministro Abraham Weintraub pode ter cometido crime de falsa identidade se sabia que se seria exonerado do cargo do Ministério da Educação logo após usar o passaporte diplomático para entrar nos Estados Unidos em um momento no qual a entrada de brasileiros está restrita por conta da pandemia da Covid-19.
“É fundamental analisar de uma forma muito bem contextualizada a cronologia desde a saída dele no ministério até a ida para os Estados Unidos”, iniciou o advogado. “Como ministro de Estado, ele é portador de uma prerrogativa de ter passaporte diplomático, que, ao que parece, ele utilizou para dar entrada no território norte-americano”, acrescentou.
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Para o professor, Weintraub “tinha uma vantagem por ter um passaporte diferenciado”. “Agora, a grande dúvida é se ele já estava fora do ministério, o que parece que sim, por isso foi aos EUA e portando esse documento diplomático — o que poderia caracterizar crime de falsa identidade, quando uma pessoa atribui a si mesma uma falsa identidade com o fim de obter uma vantagem em seu proveito próprio”, explicou.
Castelo Branco ainda apontou que “pode ter havido coautoria” desse crime, caso uma eventual investigação demonstre que a exoneração somente após a entrada dele no país tenha sido feita para beneficiá-lo. “Seria uma concatenação de uma estratégia para que ele pudesse ir com a segurança e a liberdade necessárias na viagem aos Estados Unidos”, classificou.
