Waack: Lula não está simplesmente falando algo errado, mas pensando errado
Nesta terça-feira (5), o presidente propôs que os votos dos ministros do STF fossem sigilosos
Da mesma forma que seu antecessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu um dia da semana para se dirigir ao público pela internet.
O objetivo, perfeitamente lícito do ponto de vista político, é multiplicar o alcance da palavra do presidente.
Da mesma forma que seu antecessor, o alcance desses acontecimentos digitais se multiplica pelas razões indesejáveis.
Lula, que tem um excelente domínio do palanque, parece escorregar no ambiente informal da comunicação em tom de conversa com a audiência. O problema é que se trata de escorregões conceituais.
Desta vez, o presidente propôs que os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal deveriam permanecer em sigilo.
Lula acha que esse “conselho” ajudaria a coibir animosidades contra os próprios ministros — a começar pela animosidade do partido dele, o PT, contra o ministro do Supremo que Lula acabou de indicar.
Mas o que Lula está desprezando é um conceito básico nos estados democráticos de direito. É o princípio da transparência da justiça e das decisões tomadas por agentes públicos, como os ministros do Supremo.
Nesse caso, comunicando sem freios o que lhe vem à cabeça, o presidente não está simplesmente falando algo errado. Ele está pensando errado.