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    Vídeo mostra Pazuello negociando Coronavac com empresa intermediária

    Registro do encontro foi enviado à CPI da Pandemia

    Da CNN, em Brasília

     O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello negociou a compra de doses da vacina Coronavac com intermediários enquanto ainda chefiava a pasta da Saúde, mostra vídeo obtido pela CNN.

    A reunião aconteceu fora da agenda oficial do então ministro no dia 11 de março de 2021, dias antes de sua exoneração. Nas imagens, Pazuello aparece ao lado de quatro pessoas e afirma que a possibilidade de negociar 30 milhões de doses da vacina “no mais curto prazo possível”. “Saímos daqui hoje com o memorando de entendimento assinado”, afirmou o ministro.

    A proposta oferecida ao ministro era de US$ 28 por dose da vacina. O valor, no entanto, é quase três vezes maior do que o contrato com o Instituto Butantan, que já estava firmado pelo governo brasileiro desde janeiro.

    Um dos vendedores, identificado como “John” por Pazuello, agradece a recepção do ex-ministro e afirma que outras parcerias poderiam ser realizadas no futuro “com tanta porta aberta que o ministro propôs”. 

    O vídeo da reunião, revelado pelo jornal Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (16), consta entre as documentações entregues à CPI da Pandemia.

    No Brasil, a Coronavac é produzida e distribuída ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) pelo Instituto Butantan, que desenvolveu a vacina em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech. 

    Em nota, o Instituto Butantan afirmou que não possui um posicionamento sobre o assunto e que desconhece qualquer relação com a World Brands, a empresa intermediária em questão, além de recomendar que a reportagem buscasse a Sinovac.

    A Sinovac, empresa que desenvolveu a Coronavac, afirmou em posicionamento no domingo (18) que apenas o Instituto Butantan é autorizado a negociar a vacina Coronavac no Brasil.

    “Nós temos trabalhado com o Instituto para garantir vacinas acessíveis à população brasileira”, diz o posicionamento. A Sinovac também reitera que quaisquer publicações do que chamou de “fake news” acerca do tema poderão ser alvo de ações legais, incluindo medidas que busquem reparação de danos. “Qualquer informação divulgada por outra companhia sem a autorização da Sinovac não tem significado legal”, finaliza a nota.

    O Ministério da Saúde informou que a atual gestão da pasta não tem conhecimento de memorando de entendimentos para aquisição de doses da Coronavac.

    Pazuello durante seu segundo dia de oitivas na CPI da Pandemia
    Pazuello durante seu segundo dia de oitivas na CPI da Pandemia
    Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

    Já Pazuello enviou uma nota. Leia a íntegra:

    “Enquanto estive como Ministro da Saúde, em momento algum negociei aquisição de vacinas com empresários, fato que já foi reiteradamente informado na CPI da Pandemia e em Outras Instâncias Judicantes.

    A mencionada reunião com os representantes da Empresa World Brands Distribuidora S/A (representante comercial da Empresa Chinesa Sinovac Biotech Ltd. no BRASIL) ocorreu após um pedido formal endereçado ao Ministério da Saúde, conforme documento colacionado em anexo.

    Diante da importância da temática, determinei à Secretaria Executiva do Ministério da Saúde que fizesse uma pré-sondagem acerca da proposta a ser ofertada pela World Brands Distribuidora S.A. (Sinovac Biotech Ltd.).

    Ante a importância da temática, uma Equipe do Ministério da Saúde os atendeu e este então Ministro de Estado – que detém o papel institucional de representar o Ministério da Saúde – foi até a sala unicamente para cumprimentar os representantes da Empresa, após o término da reunião.

    A Assessoria de Comunicação do Ministério da Saúde então sugeriu que fosse realizada a gravação de um pequeno vídeo de memória, para posterior publicização dos atos e fatos da Administração Pública, conforme o art. 37, caput, da Carta da República.

    Após a gravação, os empresários se despediram e, ato contínuo fui informado que a proposta era completamente inidônea e não fidedigna. Imediatamente, determinei que não fosse elaborado o citado Memorando de Entendimentos – MoU –, assim como que não fosse divulgado o vídeo realizado.

    Merece destaque o fato de que todas as contratações de vacinas contra COVID19 pelo Ministério da Saúde foram precedidas de MoU ou Carta de Intenções e que todos eles foram não vinculantes, ou seja, sem exigência futura de celebração de contrato nem obrigação de pagamento.

    No caso em questão, não foram localizados no Ministério da Saúde qualquer MoU, Carta de Intenções ou processo de aquisição das vacinas ofertadas pela empresa World Brand.

    Reitera-se que nunca houve resistência do Ministério da Saúde quanto à negociação de quaisquer vacinas, desde que houvesse o mínimo de plausibilidade fática e juridicidade da proposta.”

    A Sinovac ainda não retornou o contato.