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    Torres sabia o que ia acontecer e foi embora, diz Lula sobre atos criminosos no DF

    Presidente revelou que teve a impressão que era "o início de um golpe de Estado"; ele defendeu as investigações e responsabilização dos envolvidos

    João RosaTiago Tortellada CNN

    em Brasília e São Paulo

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres sabia do planejamento dos atos criminosos contra os Três Poderes no dia 8 de janeiro “e foi embora”.

    “Ele [Torres] sabia o que ia acontecer, foi embora e, quando voltou, deixou o celular lá [nos EUA] para, quem sabe, a gente não fazer as investigações”, disse Lula. A fala aconteceu durante entrevista à Globo News nesta quarta-feira (18).

    Anderson Torres foi preso pela Polícia Federal (PF) após retornar de viagem aos Estados Unidos no dia 14 de janeiro. A CNN procurou a defesa do ex-ministro da Justiça e aguarda retorno.

    O chefe de Estado avaliou que os invasores ultrapassaram “o limite da Constituição, da Justiça Eleitoral e do resultado das urnas”, classificando os atos como “nazistas e fascistas”.

    O presidente ressaltou que as investigações continuarão e que os envolvidos serão condenados.

    Lula revelou ainda que ficou com a impressão de que era “o começo de um golpe de Estado” e que os criminosos estariam “acatando ordem e orientação” que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria instigado durante seu governo.

    “Acho que a decisão dele de ficar quieto, de não passar a faixa, ir embora para Miami como se tivesse fugindo com medo de alguma coisa e o silêncio mesmo após os acontecimentos daqui, me dava impressão de que ele sabia de tudo que tava acontecendo, que tinha muito a ver com o que tava acontecendo. Mas, claro, que quem vai provar isso são as investigações”, pontuou.

    Após dizer que tinha a impressão que Bolsonaro esperava “voltar para o Brasil na glória de um golpe”, ele avaliou que o possível golpe não aconteceu porque houve uma reação conjunta dos poderes a República.

    “Erro elementar”

    Lula avaliou também que houve, em sua opinião, um “erro elementar” na preparação da segurança contra os atos criminosos em Brasília no dia 8 de janeiro.

    “Na verdade, nós cometemos um erro, eu diria, elementar: a minha inteligência não existiu. Eu saí na sexta-feira com a informação que havia só 150 pessoas no acampamento, que estava tudo tranquilo, que não iam permitir que entrasse mais ônibus, que juntasse mais ninguém. Viajei para São Paulo na maior tranquilidade”, explicou.

    “Aqui nos temos inteligencia do Exército, do GSI, da Abin, da Marinha, da Aeronáutica… a verdade é que nenhuma dessas inteligencias serviu para avisar ao presidente da República que poderia ter acontecido isso. Se eu soubesse, na sexta-feira, que viriam oito mil pessoas aqui, eu não teria saído de Brasília”, acrescentou.

    GLO x Intervenção Federal

    O presidente da República também explicou o porquê de ter escolhido decretar Intervenção Federal na Segurança Pública do DF e não uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

    “Vinha de uma experiência que eu tive no Rio de janeiro. Quando fizeram GLO no Rio, o Pezão, que era o governador, virou rainha da Inglaterra. Eu tinha acabado de ser eleito presidente e eu não ia abrir mão de cumprir com minhas funções e exercer o poder na sua plenitude.”

    Punição “não importa a patente”

    Em outro trecho, o petista novamente defendeu a responsabilização de todas as pessoas que participaram dos atos criminosos do dia 8 de janeiro, “não importa a patente”.

    “Aqueles que participaram dos atos serão punidos, afastados de suas funções e vão responder perante a lei”, alertou.

    CPI para investigar atos

    Por outro lado, Lula se posicionou contrário à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

    “Temos instrumentos para fiscalizar o que aconteceu nesse país, uma comissão de inquérito ela pode não ajudar e pode criar uma confusão tremenda, não precisamos disso agora”, avaliou.

    O presidente ressaltou que a decisão final sobre uma CPI é do Congresso Nacional, mas que se fosse pedido seu conselho “diria não fação CPI, porque não vai ajudar”.

    “O que nós podemos investigar numa CPI que a gente não possa investigar aqui agora? Estamos investigando, tem 1.300 pessoas presas, estamos ouvindo depoimentos, estamos pegando celular, temos filmagens que mostra quem participou, sabemos quem foi negligente”, complementou.

    Banco Central e Economia

    Lula ainda falou sobre a Economia e independência do Banco Central.

    “É uma bobagem achar que o presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que quando presidente que indicava. Eu duvido que esse presidente do Banco Central seja mais independente do que foi o [Henrique] Meirelles. Por que com o banco independente a inflação está do jeito que está? Os juros do jeito que está?”, afirmou.

    Ele destacou que a economia brasileira precisa “voltar a crescer” e defendeu maior distribuição de renda e política social.

    “Então não peçam para mim seriedade fiscal, não peçam, o que eu quero é que as pessoas que querem estabilidade fiscal, tenham estabilidade social. Assume compromisso com o social, porque não é possível esse país ter gente na fila do osso para pegar carne.

    Reforma Tributária

    Por fim, o presidente da República se colocou a favor da Reforma Tributária, visando que “as pessoas mais ricas, que vivem de dividendos” e as que ganham mais paguem mais imposto de renda, enquanto aquelas com menos renda paguem menos imposto.

    “Defendi e na campanha e vamos tentar colchoar em prática na proposta de reforma tributária que até 5 mil reais as pessoas não paguem imposto de renda”.

    *colaboraram nesta matéria Carolina Farias e Gabriel Ferneda, da CNN