Temperamento explosivo e autoritário de Pazuello preocupa governo
Auxiliares de Pazuello afirmam que o ex-ministro não tem perfil para suportar provocações
O temperamento explosivo e, por muitas vezes, autoritário do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello tem preocupado integrantes do governo que acompanham a preparação do general para o depoimento na CPI da Pandemia no Senado, no próximo dia 19.
A avaliação é a de que Pazuello está muito bem respaldado, do ponto de vista de informações, para enfrentar os questionamentos dos senadores, mas tanto na Praça dos Três Poderes quanto na Esplanada dos Ministérios a forma como o ex-ministro vai se comportar na CPI é tida como crucial para que seu desempenho seja satisfatório.
Nesta quinta-feira (6), o advogado criminalista Zoser Hardman, chamado pelo próprio ex-ministro para auxiliá-lo em sua estratégia de defesa na CPI, afirmou ao âncora da CNN Kenzô Machida que “não há preocupação com o conteúdo das respostas, mas com a forma como ele irá responder”.
Segundo relatos feitos à CNN, durante o treinamento a que tem sido submetido, Pazuello chegou a demonstrar irritação e deixou transparecer um tom considerado autoritário. O perfil do ex-ministro preocupa, inclusive, os senadores governistas que estão na CPI. A avaliação é de que, se o general adotar uma postura muito beligerante, pode ser difícil fazer sua defesa.
Pessoas que acompanham o ex-ministro da Saúde não escondem que, de fato, o perfil de Pazuello é de confronto. Auxiliares de Pazuello afirmam que o ex-ministro não tem perfil para suportar provocações e, certamente, não repetirá o comportamento do sucessor, Marcelo Queiroga. Ouvido pela CPI na quinta-feira (06), Queiroga buscou refúgio em termos técnicos e não respondeu a perguntas mais ácidas dos senadores. Ainda de acordo com esses auxiliares, o general não baixará a guarda se, por ventura, as perguntas o induzirem a respostas que o responsabilizem por eventuais erros.
A preocupação de uma ala do governo com o depoimento na CPI também tem gerado um impasse em relação ao futuro do general dentro do governo. O presidente Jair Bolsonaro pretende oficializá-lo como Secretário Especial de Modernização do Estado, subordinado à Secretaria-Geral da Presidência, de Onyx Lorenzoni. Uma ala do governo, no entanto, acredita que o melhor, neste momento, é aguardar os desdobramentos das investigações antes de nomeá-lo.
O Planalto chegou a traçar uma estratégia para convencer a CPI a autorizar o depoimento de Pazuello por videoconferência e, com isso, diminuir a atmosfera de pressão sobre o general.
No entanto, a articulação submergiu depois que o próprio general decidiu não comparecer presencialmente à Comissão, por ter tido contato com duas pessoas que testaram positivo para o vírus. A CNN apurou que a decisão pegou de surpresa, inclusive, ministros do Planalto que estão atuando na preparação do ex-ministro Pazuello.