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    STF forma maioria para tornar réu cacique Serere Xavante

    Cacique vai responder por incitação ao crime; sua prisão em dezembro motivou ataques à sede da PF e incêndio em veículos

    Lucas Mendesda CNN , em Brasília

    O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, nesta sexta-feira (18), para tornar réu o cacique José Acácio Serere Xavante.

    Ele vai responder por incitação ao crime, equiparada pela animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais.

    Vídeo — Confira o momento da prisão do cacique José Acácio Serere Xavante pela PF

    A denúncia foi apresentada em maio pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

    Os ministros analisam o caso em sessão do plenário virtual que começou à 0h de segunda-feira (14) e vai até as 23h59 desta sexta-feira (18). Nesse formato de julgamento, não há debate entre os ministros, que depositam seus votos em um sistema eletrônico.

    Até o momento, além do relator, ministro Alexandre de Moraes, votaram para receber a denúncia Luiz Fux, Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin e Edson Fachin.

    Fachin seguiu o relator com ressalvas. Ele votou para receber a denúncia “ainda que aparentemente presentes peculiaridades que venham a exigir lentes especiais para delimitar o alcance da resposta estatal penal”, afirmou.

    O caso

    Serere Xavante foi preso preventivamente por ordem do ministro Alexandre de Moraes em 12 de dezembro, a pedido da PGR. Na data foi realizada a diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

    Conforme a acusação, o indígena praticou os crimes em cinco ocasiões diferentes, entre 30 de novembro e 12 de dezembro de 2022.

    Em uma das oportunidades, conforme a PGR, Serere Xavante fez um discurso contestando o resultado das eleições e incitando a animosidade entre as Forças Armadas e o Poder Judiciário, em manifestação em frente ao Congresso.

    “Alexandre de Moraes é bandido… Lula não foi eleito. Lula e a sua equipe da campanha eleitoral roubaram os votos. Cadê o voto do povo Xavante? Não podemos admitir que o Lula suba a rampa, que ele ocupe o cargo maior deste país. Um bandido não pode ocupar a Presidência. Lugar de bandido é na cadeia. Cadê os generais? Cadê o Ministro da Defesa que juraram defender o povo brasileiro para defender a pátria amada Brasil”, disse o indígena na ocasião, segundo a acusação.

    No dia da sua prisão, em 12 de dezembro, houve intensos protestos na região central de Brasília. Manifestantes que estavam acampados em frente ao Quartel-General do Exército atacaram e tentaram invadir o prédio da sede da PF e queimaram carros e ônibus nas ruas da capital.

    Na época, a PGR disse que ele vinha se utilizando da sua posição de cacique do Povo Xavante para arregimentar indígenas e não indígenas para cometer crimes, mediante a ameaça de agressão e perseguição de Lula e dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Roberto Barroso.

    O advogado Geovane Veras, que defende Serere Xavante, disse que já esperavam pelo resultado. Para ele, o “caso do Serere é sui generis porque, sem ter condenação e sem denúncia recebida à época, já cumpriu a pena”. Veras pretende pedir a liberdade de seu cliente na segunda-feira (21).

    Outros réus

    Além do caso de Serere Xavante, o Supremo também formou maioria de votos nesta sexta-feira (18) para tornar réus mais 69 denunciados por suspeita de envolvimento nos atos de 8 de janeiro, além de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), presos em dezembro.

    Entre os casos analisados, está o da bolsonarista catarinense “Fátima de Tubarão”, que participou da invasão do Palácio do Planalto.

    Em vídeos, Fátima afirmou que teria defecado no banheiro da Suprema Corte, “sujando tudo” e disse que iria “pegar o Xandão”, em referência a Alexandre de Moraes.

    Este é o nono bloco de denúncias analisadas pelo STF. Do total de denunciados pela PGR, 1.295 já se tornaram réus na Corte.

    Se a Corte aceitar as denúncias, terão início as ações penais. Nesta fase, ocorre a coleta de provas e depoimentos de testemunhas de defesa e acusação. Só depois a Justiça julgará se condena ou absolve os envolvidos. Não há prazo estabelecido para isso.

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