“Sombra” de Lula, bolo de aniversário com PMs em greve, quase ministro da Defesa: o percurso de Gonçalves Dias desde 2003
Então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) pediu demissão nesta quarta-feira (19)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias se conheceram durante o período de transição entre o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o primeiro mandato do petista, entre 2002 e 2003.
Na ocasião, Gonçalves Dias era funcionário do GSI, que havia sido criado em 1999. A partir disso, Lula decide colocá-lo na chefia de sua segurança pessoal. No cargo, ele ganhou o apelido de “GDias” e para os mais íntimos de “Sombra”, por estar sempre perto do presidente, seja em Brasília, em viagens nacionais ou internacionais.
Permanecendo durante os dois mandatos no posto, em 2010 ele é nomeado para o comando da 6ª Região Militar do Exército Brasileiro, com sede em Salvador.
Em 2012 acontece uma paralisação da Polícia Militar da Bahia, em que o governo federal declara a Garantia de Lei e da Ordem (GLO) e como comandante, GDias passa a ter um papel muito importante no caso.
Em um dia de protesto em frente à Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o general comemora seu aniversário no local, em uma festa com direito a bolo e velinhas apagadas. A situação acaba por criar uma imagem de que a tropa está sendo condescendente com as manifestações. O episódio foi mal-visto, inclusive pela então presidente Dilma Rousseff (PT).
Após isso, GDias vai para a reserva e posteriormente retorna ao GSI, em um cargo menor, de coordenação de segurança.
Em 2022 acaba voltando à cena, para fazer novamente a segurança de Lula, agora na campanha eleitoral. A função era de extrema importância devido à vulnerabilidade que o agora presidente enfrentava devido à polarização da época.
O senador Jaques Wagner (PT), que conhecia Gonçalves Dias desde a época em que era governador da Bahia, defende que ele seja ministro da Defesa. O chefe do Executivo, no entanto, optou por José Múcio Monteiro, mas deixou o general como ministro-chefe do GSI.
Ele se demitiu do cargo após imagens reveladas com exclusividade pela CNN que o mostram no Palácio do Planalto durante os ataques criminosos contra os Três Poderes em 8 de janeiro.
Membros do PT afirmam que a relação do presidente e do general é de absoluta confiança e lealdade. Não há suspeitas de que ele tenha colaborado com apoiadores de Jair Bolsonaro (PL). A queixa é de que houve benevolência e falta de comando com os invasores.