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    Sinto que ataques de Bolsonaro ficaram no passado, diz Temer à CNN

    Ex-presidente colaborou com a carta divulgada hoje por Jair Bolsonaro e promoveu contato com o ministro do STF Alexandre de Moraes

    Da CNN

    em São Paulo

    Em entrevista à CNN, o ex-presidente Michel Temer afirmou que acredita que os ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)  aos outros Poderes ficaram no passado depois da declaração à nação publicada nesta quinta-feira (9).

    “Aquelas frases no estilo ‘não vou cumprir decisão judicial’, eu acho que a partir de hoje, pelo menos muito fortemente essa sensação na conversa muito objetiva que Bolsonaro comigo, eu sinto isto é coisa do passado. Como se diz, ‘olha, vamos contar o tempo a partir daqui’, é porque ele vai pautar-se por esse documento, por essa declaração que lançou no dia de hoje”, afirmou o ex-presidente

    Em uma “declaração à nação” divulgada nesta quinta, Bolsonaro negou que tenha a intenção de atacar os outros Poderes ou não cumprir ordens judiciais. A ação ocorre dois dias após o presidente afirmar em discursos em Brasília e São Paulo que não acataria mais nenhuma decisão tomada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

    A redação da nota contou com a ajuda de Temer. O ex-presidente encontrou-se com Bolsonaro nesta quinta, na tentativa do governo em tentar mediar as repercussões políticas após as manifestações do 7 de Setembro.

    “Ao meu modo de ver, este documento que tivemos oportunidade de sugerir, colaborar, é um documento que revela um compromisso dele com a constituição, com a harmonia entre os Poderes. Faz até uma referência ao ministro Alexandre de Moares, em face de fala que ele teve durante aquele encontro na Paulista”.

    Além da redação da nota, Temer mediou uma ligação entre Bolsonaro e Moraes. Segundo o ex-presidente, o clima foi amistoso, inclusive com piadas sobre futebol. Bolsonaro é palmeirense, enquanto Moraes torce para o Corinthians.

    Temer ainda afirmou que espera que este gesto sinalize um começo de pacificação na relação entre as instituições brasileiras.

    “O que se espera é que os outros Poderes caminhem para a ideia da pacificação, da harmonia no nosso país. Se ocorrer, por exemplo, de um dos Poderes dizer ‘não acredito nele, não vai dar certo, nós vamos criticar’, eu penso que daí dá um pretexto para ele dizer que ‘eu tentei fazer, mas ninguém quer conversa'”, analisou Temer.

    ‘Verba volant, scripta manent’

    Temer evitou comparar a declaração publicada hoje com a sua carta com críticas para a então presidente Dilma Roussef em dezembro de 2015. A carta ficou conhecida por abrir com um provérbio em latim “Verba volant, scripta manent” (as palavras voam, mas o escrito se mantém).

    Temer era então o vice de Dilma. Com o processo de impeachment da petista em 2016, ele assumiu como presidente.

    “No caso presente quem está fazendo a declaração é o próprio presidente da República. Ele está fazendo uma declaração à nação, está assumindo um compromisso escrito com a nação. Acho essa situação é um pouco diferente”, disse o Temer.

    Greve dos caminhoneiros

    Um último ponto tratado por Temer com Bolsonaro foi a paralisação de caminhoneiros após as manifestações do 7 de Setembro. Ele relembrou a paralisação em 2018, uma das maiores crises que enfrentou em seu governo, e disse que orientou Bolsonaro sobre o assunto.

    “Eu disse que para ele não se iludir, porque essa greve dos caminhoneiros acaba caindo daqui uns dias no colo dele. Porque a população vai dizer que o responsável é o presidente da República, como aconteceu no meu caso. Até eu tomei a liberdade de dizer o seguinte: ‘esse pessoal dos caminhoneiros são todos ao que sei seus fãs. Portanto, se houver uma determinação sua, palavra sua, ordem sua, eu acho que a desmobilização será completa”, afirmou Temer.