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    Serra recebeu vinhos de até R$ 21 mil, segundo delação da Odebrecht

    Na planilha da empresa, onde as propinas eram organizadas, o senador tucano aparece primeiro como "Careca" e depois como "Vizinho"

    Caio Junqueirada CNN

    Documentos a que a CNN teve acesso revelam que a Odebrecht presenteava o hoje senador e então governador de São Paulo José Serra (PSDB) com caixas de vinhos sofisticados durante cinco anos. Os mimos eram oferecidos no aniversário do senador e no Natal.

    As informações constam das delações premiadas que ajudaram a embasar a recente denúncia contra o tucano apresentada pelo Ministério Público Federal.  Os delatores são os ex-executivos da empreiteira Carlos Armando Guedes Paschoal e Benedicto Barbosa.

    Na planilha do “Setor de Operações Estruturadas” da empresa, onde as propinas eram organizadas, Serra aparece primeiro como “Careca” e depois como “Vizinho”, já que ele era vizinho de outro delator, Pedro Novis, que também organizava os pagamentos.  

    Nela, os delatores afirmam que presentearam Serra nas datas abaixo. Na descrição, estão os tipos do vinho e seu valor atual considerado pelos investigadores. A soma total é próxima de R$ 220 mil. 

    Aniversário de 2007
    6 garrafas Alma Viva Primeira safra 1997 Valor unitário: total: R$ 2.380 
    6 garrafas Sena 2001 Valor da unidade: R$ 1.680 

    Natal de 2007
    12 garrafas Chadwick
    Valor médio unidade: R$ 1.613

    Aniversário de 2008
    12 garrafas Don Melchor 2003
    Valor unidade: R$ 720

    Aniversário de 2009
    6 garrafas Léoville Las Cases
    Valor unidade: R$ 1.600 

    Natal de 2009
    6 garrafas Romanée Conti Grands Echezeaux
    Valor unidade: R$ 21,5 mil 

    Aniversário de 2010
    6 garrafas Carmin de Peumo
    Valor unidade: R$ 954

    Natal de 2010
    6 garrafas Chateau La Mission
    Valor unidade: R$ 5,8 mil

    Natal de 2011
    6 garrafas Rousseau Clos-de-Beze
    Valor unidade: R$ 3,5 mil

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    A CNN também teve acesso às datas dos desembolsos feitos pela Odebrecht na conta na Suiça de Ronaldo César Coelho, apontado como o operador financeiro de Serra. Os valores são da época. Em números atualizados somam cerca de R$ 37 milhões.

    Veja os detalhes nas tabelas abaixo:

     

    A CNN procurou o senador, que não se manifestou.

    Procurada, a Odebrecht disse: “Esta notícia se refere a fatos narrados ou reconhecidos pela própria Odebrecht. São fatos antigos, mas com desdobramentos judiciais em curso. Não têm nada a ver com a Odebrecht de hoje. Desde que há quatro anos iniciou colaboração com a Justiça, revelando esses fatos do passado, a Odebrecht se transformou inteiramente. A empresa tem hoje controles internos rígidos, que reforçam o compromisso com a ética, a integridade e a transparência.”