Senadores discutem sobre participação da bancada feminina na CPI da Pandemia
Sessão foi suspensa por alguns minutos após parlamentares governistas contestarem espaço aberto para políticas que não fazem parte da comissão
A sessão da CPI da Pandemia nesta quarta-feira (5) que ouve o ex-ministro da Saúde Nelson Teich foi marcada por uma discussão entre senadores por causa da participação da bancada feminina nos trabalhos da comissão – a oitiva chegou a ser suspensa por alguns minutos em razão do bate boca.
A confusão começou depois de o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), permitir que a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), como membro da bancada feminina, fizesse questionamentos a Teich antes dos demais membros titulares da comissão.
Apesar de não haver mulheres entre os 11 membros da CPI, as senadoras que fazem parte da bancada feminina acompanham os trabalhos e, pelo regimento do Senado, podem fazer questionamentos depois dos membros titulares e suplentes da comissão – elas não tem, porém, direito a voto.
Parlamentares governistas questionaram a decisão de Aziz e disseram que a possibilidade de as senadoras inquirirem os convidados antes dos demais membros não está prevista no regimento da Casa e não foi acordada pela comissão.
“Não ficou definido em momento nenhum. Ninguém respeita mais as mulheres do que o meu partido. Agora, se foi um erro das lideranças não indicar as mulheres, a culpa não é nossa”, afirmou o senado Ciro Nogueira (PP-PI).
“Vou aceitar hoje, em respeito à senadora, mas isso não foi discutido, não está em regimento e a gente fica sempre com o papel de ser o vilão dessa situação de queremos cumprir o regimento aqui dentro e que o trabalho seja levado a sério”, completou.
Ao receber a palavra, a Senadora disse “não entender porque tanto medo das vozes femininas” na CPI, o que deu início a uma discussão entre os parlamentares.
“Está vendo, é por isso que não queremos presidente. Porque as pessoas querem dar outra versão, como se perseguíssemos as mulheres”, afirmou Ciro. “Quem perseguiu as mulheres foi seu partido, que não lhe indicou, senadora.”
Aziz interviu e disse que fez uma concessão, em nome da mesa da CPI, que essa possibilidade realmente não está no regimento, mas que foi feito um apelo aos membro da comissão para dar espaço para a bancada feminina.
“Não é uma concessão porque elas são mulheres, mas porque elas têm uma representatividade igual a nossa”, afirmou.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) ressaltou que, na condição de líder da bancada feminina, pediu na véspera ao plenário da comissão que pudesse ter uma fala na lista dos titulares.
“O presidente colocou em plenário, não estavam todos presentes e isso foi deliberado. Eu estava aqui. Nós agradecemos, senhor presidente”, disse, se dirigindo a Nogueira.