Senado faz sessão para relembrar e homenagear vítimas do Holocausto
Yom HaShoá é celebrado anualmente como dia de recordação de todas as vítimas; sessão foi marcada antes de repercussão de falas no podcast Flow
O Senado Federal promoveu, nesta quinta-feira (10), uma sessão especial em memória às vítimas do Holocausto, dia conhecido como Yom HaShoá para a comunidade judaica.
O requerimento que aprovou a realização da sessão foi aprovado no dia 2 de fevereiro, antes das recentes repercussões sobre declarações a favor de um “partido nazista” no Brasil, veiculadas pelo podcaster Bruno Aiub, conhecido como Monark, no Flow Podcast.
No entanto, a sessão contou com repercussões do episódio, incluindo também menções a uma declaração no programa do deputado Kim Kataguiri (Podemos-SP), que afirmou discordar da criminalização do nazismo na Alemanha. A Procuradoria-Geral da República investiga o caso.
“Esta semana, com muita preocupação, acompanhamos declarações de pessoa ditas influenciadoras, defendendo abertamente a criação um partido nazista. Para minha tristeza, incluo também a presença nessa lista de um deputado federal do parlamento brasileiro”, afirmou o senador Jacques Wagner (PT-BA), autor do requerimento que convocou a sessão.
“Hoje, indivíduos com mesmo perfil psicopatológicos doentios comandam governos ao redor do mundo, consigo trazem disfarçadamente ou não, a semente do antissemitismo”, declarou. “Essa ideologia autoritária, segregadora e intolerante é inaceitável além de criminosa. Precisamos de harmonia entre os diferentes”.
Presente na sessão, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, afirmou que “o Holocausto surgiu do discurso de ódio de mentes perturbadas”.
Já Marlova Jochelovitch Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil que participou virtualmente, declarou que os acontecimentos recentes deixaram a todos “chocados e perplexos”.
Repercussão
O episódio já havia gerado grande repercussão no meio político, jurídico e social, e foi um dos assuntos mais comentados nas redes nos últimos dois dias.
O podcaster Monark foi demitido e afastado da sociedade que tinha na empresa que administra o podcast – que perdeu patrocinadores em decorrência do ocorrido.
Em nota, Kim Kataguiri afirmou que “muito melhor expor a crueldade dessa ideologia nefasta para que todos vejam o quanto ela é absurda”. “Acrescentaria que não sou a favor da existência de um partido nazista, o que defendo é que haja um debate aberto para que fique muito claro para todos o quanto a ideologia nazista é repugnante e deve ser rechaçada”, adicionou.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou a fala de Monark e lembrou que “sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias”.
*Com informações de Giulia Alecrim, Danilo Moliterno e Tiago Tortella, da CNN