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    Senado aprova projeto que busca manejar recursos para bancar piso da enfermagem

    Matéria agora segue para análise da Câmara dos Deputados, que ainda não tem previsão de data para votação

    Luciana Amaralda CNN , em Brasília

    O plenário do Senado aprovou, nesta terça-feira (4), um projeto de lei que permite o remanejamento de recursos da área da saúde por estados e municípios e, com isso, possibilitar o custeio do piso salarial da enfermagem.

    O pagamento mínimo à enfermagem foi aprovado pelo Congresso Nacional, mas suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro, antes de ser posto em prática.

    A matéria agora segue para análise da Câmara dos Deputados, que ainda não tem previsão de data para votá-la.

    O texto aprovado por todos os 67 senadores votantes nesta terça permite a transferência e reprogramação de saldos financeiros represados em fundos de saúde e de assistência social para o enfrentamento à pandemia de Covid-19.

    A ideia é que os valores criem uma folga aos cofres de estados e municípios e, assim, estes possam remanejar recursos próprios para custear o piso da enfermagem.

    Em seu parecer, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) afirmou que essa realocação “ainda é desejada no momento atual, pois o enfrentamento da pandemia da covid-19 não se limita à primeira linha de ação, fortemente atacada nos anos anteriores – com contratação de leitos de terapia intensiva, compra de vacinas, capacitação de profissionais –, mas inclui também o custeio do tratamento das diversas sequelas mentais, motoras, renais, respiratórias que acometem os pacientes afetados pela covid-19″.

    “O mecanismo também auxiliará os entes subnacionais a arcarem, num primeiro momento, com seus custos diretos decorrentes da instituição do piso nacional dos profissionais da enfermagem pela Lei nº 14.434, de 4 de agosto de 2022”, acrescentou.

    “Hoje, o recurso que tem disponível é em torno de R$ 34 bilhões. É evidente que esses recursos estão sendo utilizados nas programações normais dos estados e dos municípios, mas há recursos que efetivamente estão represados, estão paralisados – em torno de R$ 4 bilhões – e esses recursos irão diretamente para os cofres municipais, estaduais, para poderem ser utilizados em todas as ações de saúde menos o pagamento de profissional”, declarou Marcelo Castro na sessão do Senado.

    Só deve ser permitida a realocação de recursos que ainda não tiverem sido gastos. Portanto, que não tiveram ainda as dotações empenhadas ou que não tiverem os empenhos cancelados.

    O cálculo do impacto do piso salarial da enfermagem em todos os seguimentos, elaborado por grupo de trabalho da Câmara dos Deputados criado para o tema, é de cerca de R$ 16,3 bilhões ao ano.

    O Congresso havia aprovado o piso aos enfermeiros em R$ 4.750, para os setores público e privado. O valor ainda serve de referência para o cálculo do mínimo salarial de técnicos de enfermagem (70%), auxiliares de enfermagem (50%) e parteiras (50%).

    Em 4 de setembro, o ministro do STF Luís Roberto Barroso decidiu, de forma monocrática, suspender a aplicação do piso até que sejam analisados dados detalhados dos estados, municípios, órgãos do governo federal, conselhos e entidades da área da saúde sobre o impacto financeiro para os atendimentos, o impacto nos serviços de saúde e os riscos de demissões diante da implementação do piso. A decisão dele foi ratificada pela maioria da Corte.

    O prazo para que essas informações sejam enviadas ao STF é de 60 dias. Na época, o presidente do Congresso e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que a posição do Supremo “não sepulta o piso nacional da enfermagem, mas o suspende, algo que o Congresso Nacional evidentemente não desejava”.

    Coube então aos parlamentares buscarem um projeto capaz de garantir a fonte de custeio para o piso. Os parlamentares ainda devem analisar outras propostas para destravar o custeio do piso nos próximos anos, além de avaliar críticas de hospitais filantrópicos e privados com a imposição do mínimo salarial.

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