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    Sem Bolsonaro, governadores defendem unidade de ações contra coronavírus

    Chefes dos executivos estaduais se reuniram em teleconferência

    Da CNN, em São Paulo

     

    Em uma reunião de cerca de duas horas por teleconferência, os governadores de todos os estados do país pediram “equilíbrio” e “sensatez” por parte do governo federal na condução da crise gerada pela pandemia do coronavírus.

    Os chefes do Executivo de 26 estados participaram do encontro virtual, que também contou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O único governador que não participou foi Ibaneis Rocha, do Distrito Federal. 

    Em comum, os governadores pediram unificação das ações e medidas efetivas para ajudar pequenas e médias empresas e trabalhadores autônomos. Ao fim do encontrou, ficou acertado que será elaborada uma carta a ser endereçada ao Palácio do Planalto.

    “Nós temos que coordenar um pouco mais essas medidas em critérios técnicos para evitar que governadores e prefeitos tomem decisões acima do que dizem a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde”, afirmou Mauro Mendes (DEM), governador de Mato Grosso.

    Ele descartou tomar medidas de restrição como as adotas em São Paulo — que provocou o fechamento do comércio. “Tenho 13 vezes menos população com uma área três vezes maior. Tenho medo dos reflexos econômicos das restrições. Aqui teve prefeito que mandou parar tudo em cidade com 5 mil habitantes e sem um único caso sequer”, relatou. 

    Helder Barbalho (MDB), do Pará, sugeriu um programa de transferência de renda para as famílias que estão na linha de pobreza ou abaixo dela. Os recursos viriam do Tesouro Nacional, que ele estima ter R$ 1 trilhão. 

    “Poderia pegar parte disso para um amplo programa de incremento na renda dos brasileiros”, afirmou, defendendo alterações nas restrições previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal e da regra de ouro do orçamento.

    O mineiro Romeu Zema (Novo) cobrou do Congresso Nacional a aprovação de projetos que liberem recursos aos estados, como o Plano Mansueto. O governador também defendeu a adoção de medidas que afetam as receitas dos trabalhadores. 

    “Seria bom medidas como em outros países, em que a empresa e o governo arcassem com parte do recurso e o empregado abrisse mão de parte do ganho neste período, de forma que o gasto do governo agora seria muito menor do que ele viria a ter para reativar a economia”.

    A governadora Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, defendeu o uso de 317 bilhões de dólares de reservas do Banco Central (cerca de 20% do total disponível) para o socorro de desempregados, pequenos empresários e quem está na informalidade. “O coronavírus mata e a fome também”, disse.

    “O momento exige muita serenidade, equilibrio e união. Nós não temos o direito de permitir que quaisquer divergências de natureza politica e eleitoral, seja lá do que for, tire de nós o foco central nesse momento, que é cuidar da saúde da população”, afirmou a governadora.

    O governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), disse que não vai recuar “um milímetro” das ações adotadas no estado e que seguirá as orientações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde. Ele também cobrou a aprovação, pelo Congresso, de medidas que incrementem o caixa dos estados e sugeriu que as dívidas das unidades da federação com a União sejam suspensas pelo menos até dezembro.

    O governador Antonio Denarium (PSL), de Roraima, observou que seu estado tem equipamentos básicos de segurança para mais dois dias e apelou ao Ministério da Saúde para que não deixe faltar equipamentos básicos.

    O encontro foi aberto pelo governador João Doria (PSDB). Ele reiterou as críticas ao pronunciamento feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que minimizou os riscos de contaminação pelo coronavírus em pronunciamento em rede nacional de televisão. Em uma teleconferência com governadores do Sudeste na manhã desta quarta, Bolsonaro discutiu com Doria. “Não tem responsabilidade e nem tem altura pra criticar o governo federal”, disse o presidente. 

    “Nós temos que salvar vidas. Depois do que o ouvi hoje, pela manhã, e do que ouvi ontem em rede nacional, cabe a nós, governadores do Brasil, ao Congresso Nacional, com a liderança do deputado Rodrigo Maia e do senador Davi Alcolumbre, assim como o presidente do STF, salvarmos o Brasil”, disse Doria diante dos outros governadores.

    Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro, também cobrou a aprovação do Plano Mansueto e criticou o pronunciamento de Bolsonaro. “Qualquer decisão pautada no achismo está sujeita à responsabilizacao direta daquele que o faz. O pronunciamento é manifestação política que não tem qualquer reflexo do que se deve ou não fazer”, disse.