Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Eleições 2022

    Secretários pedem demissão do governo de SP após apoio de Rodrigo a Bolsonaro

    Rodrigo Maia, de Projetos e Ações Estratégicas, Zeina Latif, do Desenvolvimento Econômico, e Laura Machado, do Desenvolvimento Social, deixaram seus cargos nesta quarta-feira (5)

    Carolina FigueiredoTeo Curyda CNN , em São Paulo e Brasília

    Um dia após o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), anunciar apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida de 2º turno pela Presidência da República contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), três secretários do primeiro escalão do governo decidiram entregar seus cargos.

    O ex-presidente da Câmara dos Deputados e até então secretário de Projetos e Ações Estratégicas, Rodrigo Maia (PSDB), foi o primeiro a anunciar a saída. Logo depois, o governo de São Paulo informou que Zeina Latif e Laura Muller Machado também deixariam, respectivamente, as pastas de Desenvolvimento Econômico e de Desenvolvimento Social.

    A informação foi antecipada pela CNN nessa terça-feira (4).

    “Informo que na data de hoje deixo a Secretaria de Projetos e Ações Estratégicas do governo de São Paulo. Agradeço aos governadores João Doria e Rodrigo Garcia pela oportunidade”, publicou Maia no Twitter.

    Enquanto presidente da Câmara, Maia se posicionou como oposição ao governo Bolsonaro e teceu diversas críticas ao presidente.

    A equipe do governador recebeu com surpresa o anúncio feito por ele na terça-feira (4) de apoiar o atual mandatário, principalmente pelo uso do termo “apoio incondicional”. À CNN, secretários elogiaram o trabalho de Garcia à frente do governo, mas discordaram da aliança com Bolsonaro, que, para eles, representa o contrário do que eles defendem em suas pastas.

    Em São Paulo, Bolsonaro recebeu 12,2 milhões de votos e Lula, quase 10,5 milhões.

    O comunicado foi feito antes de uma reunião de trabalho entre o governador e seus secretários no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, na manhã desta quarta-feira. O secretário de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão, que permanece no cargo, afirmou que Garcia abriu a reunião afirmando que o apoio a Jair Bolsonaro foi uma decisão pessoal do governador.

    De acordo com Leitão, o governador em exercício disse que respeita as escolhas eleitorais de cada integrante de sua equipe, que o eventual apoio de seus secretários ao ex-presidente Lula no segundo turno não será um problema para ele e que todos têm autonomia para fazer suas próprias escolhas.

    Em nota divulgada no final da manhã desta quarta-feira (5) por sua assessoria de imprensa, Rodrigo Garcia agradeceu às economistas Zeina Latif e Laura Muller Machado e ao deputado federal Rodrigo Maia pelos serviços prestados aos paulistas.

    “Rodrigo Garcia destaca ainda que a premissa de sua administração é garantir que o interesse público esteja acima de qualquer corrente político/partidária. Portanto, o interesse dos paulistas não pode ser refém de qualquer tipo de proselitismo político. Um governo é feito por pessoas, ideias e crenças diferentes. Na prática, Rodrigo Garcia sempre pautou a sua vida pública por atuar ao lado de pessoas que nem sempre pensam como ele”, diz a nota.

    Apesar de não concordarem com a decisão do chefe, secretários como Felipe Salto, da Fazenda e Planejamento, e Sérgio Sá Leitão, da Cultura e Economia Criativa, decidiram permanecer no governo.

    À CNN, Salto afirmou que mantém o compromisso firmado com Garcia em abril — quando aceitou o convite para assumir o cargo — de ficar até dezembro à frente da pasta. “Quanto às minhas posições políticas eu já externei no domingo”, disse.

    Salto anunciou em suas redes sociais neste domingo que votaria no candidato petista. “Bolsonaro retirou o Brasil da cena internacional e tentou destruir a democracia e as instituições. Na economia, escolheu aquele que entrará para a história como o pior de todos os ministros”, escreveu.

    O secretário publicou ainda que Garcia impediria em São Paulo o avanço do que Salto classificou como “desastre” do governo federal. Nesta terça, no entanto, o governador anunciou apoio a Bolsonaro. “Para presidente, apesar da minha admiração pela Simone Tebet, com quem convivi em Brasília, a única saída para acabar logo com o mal que aí está é votar em Lula e Alckmin”, escreveu Salto.

    Leitão afirmou à CNN que decidiu permanecer no cargo, diante da explicação de Garcia de que o apoio dele é pessoal e que seus secretários têm autonomia para fazer suas escolhas.

    “Sendo assim, não vejo razão para sair agora. Defendo a cultura, vou votar em Lula no segundo turno e seguirei até 31/12 realizando o máximo possível à frente da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo de São Paulo, afirmou.

    Novos secretários

    Após a formalização da saída de Maia, Zeina e Laura, o governo anunciou os novos secretários de Projetos e Ações Estratégicas, de Desenvolvimento Econômico e de Desenvolvimento Social.

    Tarcila Reis Jordão assume o cargo no lugar de Rodrigo Maia. Ela é doutora em Direito Público pela Sciences Po Paris, mestre em Direito Público pela Universidade Paris 1 e mestre em Política Comparada pela London School of Economics and Political Sciences (LSE). Atuou como subsecretária de Ações Estratégicas do governo, diretora da Unidade de Parcerias com a Iniciativa Privada da Casa Civil da Prefeitura de Salvador e como consultora do International Finance Corporation, do Grupo Banco Mundial.

    Bruno Caetano é o novo secretário de Desenvolvimento Econômico em substituição a Zeina Latif. Ele é advogado, sociólogo e mestre em Ciência Política pela USP. Foi assessor especial do prefeito de São Paulo, subsecretário de Gestão Estratégica da Casa Civil do governo, secretário de Comunicação do governo, e secretário municipal da Educação.

    Célia Leão substitui Laura Machado à frente da Secretaria de Desenvolvimento Social. Formada em direito pela PUC Campinas, Célia foi vereadora, deputada estadual e corregedora da Assembleia Legislativa de São Paulo.

    Tópicos