
Secretaria LGBTQIA+ precisa ampliar ações de conscientização, diz especialista
Educação foi apontada como prioridade pelo presidente da Aliança Nacional LGBTI, Toni Reis, em entrevista à CNN


Uma secretaria nacional voltada para tratar de direitos da população LGBTQIA+ vai fazer parte da equipe ministerial que assume o governo federal no próximo domingo (1º).
O anúncio foi feito na quarta-feira (28) pelo futuro ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.
Em entrevista à CNN Rádio, o presidente da Aliança Nacional LGBTI, Toni Reis, defendeu que a primeira frente de trabalho deve ser a conscientização.
“É fazer um trabalho educativo, ir na questão do bullying dentro das escolas e nas empresas, conscientizando as pessoas a respeitar todo e qualquer ser humano, independentemente da orientação sexual e identidade de gênero”, disse.
Além da orientação, Reis cobra atuação das autoridades policiais quando a diversidade sexual for desrespeitada. “Temos que fazer a repressão quando a educação não funciona, tem que ir à delegacia, fazer boletim de ocorrência e abrir um processo”, diz.
A futura secretaria nacional também pode passar a coletar e unificar dados sobre violência contra a população LGBTQIA+ no Brasil, informações que hoje são elaboradas por diversas entidades, em especial do terceiro setor.
Reis lembra que o governo atual tem estruturas para a população LGBTQIA+, mas explica que uma secretaria nacional vai ter mais capacidade de agir em parceria com outros ministérios.
“Na coordenação que funciona hoje, a atual coordenadora tem cinco chefes. O futuro ou a futura secretária terá apenas o ministro como chefe, o que é uma relação mais próxima ao poder de decisão e à autonomia”, ressaltou Reis.
Além de estar subordinada aos Direitos Humanos, a secretaria poderá interagir diretamente com outras pastas, como os ministérios da Educação, da Saúde e do Trabalho.
No entanto, Reis pondera que a próxima gestão precisa destinar recursos suficientes para a pasta. “Política sem orçamento não é política, é demagogia”, alega. “Nós vamos estar atentos a isso. Elogiamos a iniciativa, mas já queremos resultados nos primeiros 100 dias”.
O especialista avalia que o Judiciário foi o único Poder responsável pelos avanços das pautas relacionadas à diversidade sexual ao longo da última década, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF).
Já no Legislativo, a situação ficou estacionada, na análise do presidente da Aliança Nacional LGBTI. “Não queremos destruir a família de ninguém, o que a gente quer é ser cidadão”, declarou Reis.