Saúde repassa quase R$ 4 bi para estados e municípios; SP recebe maior fatia
Ministro Mandetta diz que administrações poderão usar recursos para abastecer atendimento; decisão vem em momento de conflito entre União e governadores


O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), assinou portaria nesta quinta-feira (9) autorizando o repasse direto de R$ 3,7 bilhões em recursos do ministério para estados e municípios. Segundo a pasta, o “valor destinado corresponde a uma parcela mensal do que cada estado ou município já recebe para ações de média e alta complexidade ou atenção primária”.
A gestão do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é a que recebeu a maior fatia dos recursos. Serão R$ 333,1 milhões adicionais para custear ações. Na sequência, estão os governadores da Bahia, Rui Costa (PT), com R$ 114 milhões, e de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), com R$ 107,3 milhões.
Entre as cidades, o maior repasse foi para a administração do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que recebeu R$ 113,6 milhões. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), administrará R$ 96,5 milhões, e do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), outros R$ 86,2 milhões.
Mandetta gravou um vídeo sobre o assunto e disse que, com o dinheiro, as administrações locais poderão fazer a aquisição de equipamentos de proteção individual necessários para o combate à pandemia do novo coronavírus. A decisão acontece em meio a um momento de tensão política e financeira entre o governo federal e as gestões estaduais.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou o projeto de socorro aos governos estaduais que está em votação na Câmara dos Deputados. Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), divergem sobre o real impacto financeiro da proposta.
Rodrigo Maia também acusou o governo federal de querer prejudicar intencionalmente os estados das regiões Sul e Sudeste. Entre os prejudicados, João Doria e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que afirmam abertamente a intenção de disputar a Presidência da República em 2022.
“O governo foi ágil em dar recursos aos estados do Norte e Nordeste. Não vamos entrar num debate de pauta-bomba, porque isso é a estratégia do governo, que não quer liberar recursos para os estados do Sul e do Sudeste”, afirmou.