Ricardo Barros diz que CPI afasta interessados em fazer negócios com o Brasil
Após crítica de deputado, senadores discutiram e sessão foi suspensa temporariamente
A sessão da CPI da Pandemia que ouve o deputado Ricardo Barros (PP-PR) foi suspensa temporariamente após o líder do governo na Câmara criticar os trabalhos da Comissão.
Essa foi a segunda vez que o depoimento foi interrompido devido a discussões entre os senadores, em uma das oitivas mais aguardadas das últimas semanas que visa esclarecer se Barros esteve envolvido no processo de compra da vacina Covaxin.
Após ser questionado sobre possíveis interferências de sua parte para trazer ao país o imunizante da farmacêutica chinesa CanSino – cujo processo de compra também teve ação de um intermediário e dose ofertada a US$ 17, o que gerou desconfiança –, Ricardo Barros negou qualquer influência no processo.
“Eu não facilitei, não participei, eventualmente se solicitado posso ter buscado auxiliar a todos que me procuraram”, declarou inicialmente. “Não participei de nenhuma reunião para tratar disso [compra da CanSino]. Não havia a necessidade de eventualmente ajudar na tramitação, até porque, pelo o que eu saiba, o pedido do Ministério da Saúde foi interrompido devido ao descredenciamento da empresa”, afirmou.
Em seguida, Barros afirmou que a CPI teria trazido resultados negativos para o Brasil ao afastar interessados em fechar negócios com o país. “O mundo inteiro quer comprar vacinas e espero que essa CPI traga bons resultados para o Brasil, porque o negativo já produziu muito. Afastou várias empresas interessadas em fazer negócios com o Brasil…”, afirmou, antes de ser interrompido pelos senadores.
Ao interromper a sessão, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a cúpula iria “reavaliar” o convite feito a Barros para depor, já que ele não estava presente na condição de testemunha ou investigado.
Nas primeiras horas de depoimento, Ricardo Barros negou qualquer envolvimento no contrato de compra da vacina Covaxin, cujas denúncias por “pressão indevida” no fechamento da compra motivaram as menções ao nome do líder do governo na Câmara.
Barros também declarou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não afirmou que ele estaria envolvido nas supostas irregularidades na compra da Covaxin, mas sim perguntou. Foi o deputado Luís Miranda (DEM-DF) quem revelou que Bolsonaro teria dito o nome de Barros ao saber do caso Covaxin.
*Com informações de Beatriz Gurgel e Rafaela Lara, da CNN