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    Reverendo Amilton tentou vender vacina US$ 1 acima do valor

    O reverendo entrou no foco da comissão por ter atuado na tentativa de venda de milhões de doses de vacina ao governo brasileiro em nome da Davati

    Renata Agostinida CNN

     

    Documentos aos quais a CNN teve acesso mostram que o reverendo Amilton Gomes de Paula encaminhou ao Ministério da Saúde uma proposta para venda de vacinas contra a Covid US$ 1 por dose acima da oferta feita inicialmente pela suposta fornecedora dos imunizantes.

    O reverendo irá depor nesta terça (3) à CPI da Pandemia. Ele entrou no foco da comissão por ter atuado na tentativa de venda de milhões de doses de vacina ao governo brasileiro em nome da Davati. 

    A negociação teria envolvido pedido de propina de US$ 1 dólar por dose por parte do então chefe do departamento de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, conforme relato feito por Luiz Paulo Dominghetti à Folha de S.Paulo e confirmado posteriormente à CPI. Dominghetti também atuava em nome da Davati nas investidas para fechar o negócio bilionário.

    Em email enviado no dia 15 de março ao ministério, o presidente mundial da Davati Medical Supply, Herman Cárdenas, enviou proposta formal em nome da empresa. O email é endereçado ao então secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, e acompanha um documento com oferta de 200 milhões de doses da vacina da Janssen ao preço de US$ 10 por dose. A empresa já havia oferecido doses da AstraZeneca, mas Cárdenas diz que estava substituindo a proposta pelo imunizante da Johnson & Johnson porque a vacina de Oxford havia aumentado de preço. A Janssen seria, assim, mais vantajosa ao Brasil.

    Nove dias depois, no entanto, uma nova oferta foi feita ao Ministério da Saúde. Em e-mail enviado no dia 24 de março, um auxiliar do reverendo Amilton encaminhou proposta e diz que “devido ser assunto de emergência em saúde nacional” e necessário retorno “o mais breve possível”. Ele enviou então um documento dassinado pelo reverendo, no qual ele descreve oferta a Élcio Franco de vacinas AstraZeneca e Janssen “para entrega em até 25 dias” pelo valor de US$ 11 dólares a dose. 

    Eduardo Pazuello já havia sido demitido no dia 15 de março, mas Élcio Franco ainda seguia como secretário-executivo. Ele foi exonerado da função no dia 26 de março, com a pasta já sob comando de Marcelo Queiroga.

    O envio das propostas foi feito após reunião no Ministério da Saúde com Élcio Franco no dia 12 de março. A audiência contou com a presença do reverendo Amilton Gomes de Paula, Cristiano Carvalho e Dominguetti.

    A Davati se pronunciou em nota.

    “A respeito das vacinas da Johnson & Johnson, a empresa informa que enviou proposta (FCO) diretamente ao Secretário Élcio Franco em 15.03.2021, sendo esta a única oferta deste laboratório reconhecida pela empresa. A proposta foi enviada via e-mail diretamente ao então Secretário da Saúde, sem qualquer envolvimento de outras pessoas além do representante de vendas autônomo da empresa no Brasil. Quanto ao e-mail enviado pela Senah ao Ministério da Saúde no dia 24.03.2021, a empresa não reconhece como sendo uma oferta feita em seu nome e tampouco reconhece os valores  constantes no documento anexo”, diz a empresa.

    Procurados, Élcio Franco e o Ministério da Saúde ainda não se pronunciaram.

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