Retirada de assinaturas não afeta CPI de ONGs em SP, diz à CNN vereador que protocolou comissão
Ao menos quatro vereadores paulistanos disseram que pediriam retirada de assinatura da comissão que investigaria, entre outras coisas, ações do padre Júlio Lancellotti; Rubinho Nunes (União-SP) disse que havia protocolado pedido com apoio de 25 parlamentares
O vereador Rubinho Nunes (União Brasil-SP) afirmou, em entrevista à CNN nesta sexta-feira (5), que a declaração de parlamentares que assinaram a CPI das ONGs do centro de São Paulo que retirariam seus apoios não afeta a instalação do colegiado.
“Eu respeito demais cada um dos vereadores, são vereadores que tenho um grande contato, tenho carinho por eles, entendo a base deles, mas isso não afeta em nada a instalação da CPI, pois nós temos um número significativo de assinaturas e a expectativa é de que ela seja montada em fevereiro deste ano, a despeito da retirada de assinaturas”, afirmou o vereador.
Na quarta-feira (3), Rubinho informou à CNN que o pedido fora protocolado em dezembro com 25 assinaturas. Eram necessárias ao menos 19, ou seja, um terço dos 55 vereadores que compõem a Casa.
Antes que a comissão possa ser instalada, no entanto, o requerimento precisará ser aceito na pauta pelo Colégio de Líderes e aprovado por maioria simples, de 28 votos, em plenário em dois turnos de votação (um para criação de uma nova CPI e outro para aprovação do pedido em si).
“Naturalmente, a partir do momento em que vem a público a CPI, houve um ataque maciço a todos os vereadores que assinaram. E nem todos estão preparados, ou dispostos, na verdade é a palavra correta, a se manter sob esse ataque por algo que, eventualmente, não é sua bandeira, não lhe é conveniente, interessante naquele momento”, disse Nunes.
Em relação à repercussão dos últimos dias sobre a CPI, o vereador se disse “bastante surpreso”. “Especialmente com relação ao padre Júlio Lancellotti. Primeiro, porque ele não é sequer citado nominalmente no requerimento de abertura da CPI. Segundo, que é uma CPI que investiga as ONGs que atuam na região central de São Paulo, com atenção especial à região da ‘Cracolândia’.”
Apesar de não haver citação direta ao pároco no documento, o autor do pedido havia confirmado à CNN anteriormente que Lancellotti seria convocado tão logo a comissão fosse instalada.
Na justificativa, o vereador afirma que a CPI buscará examinar as atividades desempenhadas pelas Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam na região central de São Paulo.
“Essas ONGs fazem parte daquilo que a gente chama de ‘máfia da miséria’, a exploração das pessoas em situação de rua, e o objetivo é investigar essas ONGs, onde elas atuam, quais as fontes de recurso, quantas pessoas elas atendem, quantas pessoas elas conseguiram curar, conseguiram tirar das ruas, e quem são as pessoas envolvidas, se existe envolvimento político, partidário, por parte dessas ONGs. Naturalmente, as pessoas à elas ligadas serão também investigadas e isso gerou toda essa repercussão”, disse ainda o vereador à CNN.
“Máfia da miséria é quem abandona o povo”
Em entrevista à CNN nesta sexta-feira (5), o padre Júlio Lancellotti rebateu o termo “máfia da miséria”, utilizado pelo vereador Rubinho Nunes (União-SP).
“Eu acho que é ‘máfia da miséria’ quem abandona o povo, máfia da miséria é não ter remédio nas Unidades Básicas de Saúde e nas UPAs; ter tanta gente com o Cad suspenso e bloqueado; máfia da miséria é o povo ter que dormir na rua”, afirmou.
A avaliação do padre é de que os termos utilizados pelo parlamentar em declarações à imprensa “são palavras de efeito que querem causar impacto”.