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    Relator da LDO de 2025 quer “modelo de transição” para crise das emendas

    Confúcio Moura pretende levar "cardápio" de soluções para líderes da Câmara e do Senado

    Tainá FalcãoDaniel Rittnerda CNN Brasília

    O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, senador Confúcio Moura (MDB-RO), defende um “modelo de transição” para resolver a crise deflagrada entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional em torno das emendas parlamentares.

    Confúcio informou à CNN que pretende levar aos líderes da Câmara e do Senado, em setembro, um “cardápio” de possíveis soluções para o assunto. Ele deixou claro que, antes da apresentação de seu relatório definitivo, buscará respaldo dos colegas para uma proposta.

    Para o relator, o Congresso “está nervoso” com o STF e não aceitará uma mudança abrupta na questão das emendas parlamentares, mas é preciso reconhecer que o Orçamento Geral da União (OGU) tem ficado com margens cada vez menores de gastos discricionários e isso impede o governo de executar políticas políticas.

    “Do jeito que está, não dá para ficar. Estamos vivendo um parlamentarismo branco”, afirmou Confúcio, ao analisar o crescimento das emendas parlamentares ao longo da última década, que saíram de menos de R$ 10 bilhões para a casa dos R$ 50 bilhões anuais. “O Poder Executivo ficou muito engessado. Temos que fazer uma transição”.

    Para distensionar a crise, Confúcio sugere duas possibilidades:

    • Mudar a finalidade das emendas “pix”
    • Redirecionamento das emendas de comissão para as emendas da bancada

    Emendas “pix”

    As emendas “pix” – primeiro alvo do ministro Flavio Dino em sua decisão no STF – são transferências diretas à conta única do município beneficiado. Hoje, 70% do dinheiro das emendas vai para investimento e 30% para gasto de custeio das prefeituras.

    A parcela do custeio é muito difícil de rastrear e controlar, segundo Confúcio, tornando potencialmente inviável a criação dos mecanismos de transparência cobrados por Dino.

    “É como jogar um copo d’água no balde quase cheio. E depois pedir para identificar a água que veio do copo. O dinheiro cai na conta única e ninguém mais consegue separar o que é uma coisa e o que é outra”, explicou o senador.

    Por isso, uma das possibilidades aventadas por ele é deixar 100% dos recursos das emendas “pix” com investimentos. Se a emenda é destinada para uma escola, uma creche, para a construção de uma praça ou de uma quadra poliesportiva, os sistemas de rastreamento podem funcionar mais adequadamente, disse o relator.

    Emendas de comissão

    As emendas alocadas por comissões setoriais da Câmara e do Senado – Saúde, Educação, Desenvolvimento Regional, Infraestrutura e assim por diante – chegaram a pouco mais de R$ 16 bilhões na lei orçamentária de 2024, mas parte delas foi vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o valor total ficou reduzido para cerca de R$ 11 bilhões.

    No entanto, outros R$ 2,8 bilhões dessas emendas foram cancelados e transferidos para o orçamento da área de saúde, principalmente.

    A sugestão de Confúcio é redirecionar as emendas de comissão, que são muito pulverizadas em pequenos projetos, para as emendas de bancadas estaduais.

    As emendas de bancada são menos pulverizadas e podem enfocar projetos mais “estruturantes”, como duplicação de rodovias, que dialogam melhor com políticas públicas executadas pelo governo.

    Confúcio não descarta ainda a possibilidade de acabar com alguns tipos de emenda, mas reconhece que uma medida mais drástica pode sofrer resistências no Congresso.

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