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    Reforma ministerial não garante apoio total do PP e Republicanos, diz pesquisador

    À CNN Rádio, Leonardo Paz, do Núcleo de Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV), explicou que uma série de reformas facilitou com que deputados votassem de maneira independente da orientação dos partidos

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)
    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) Cláudio Reis/Enquadrar/Estadão Conteúdo - 28.ago.2023

    Ricardo Gouveiada CNN*

    São Paulo

    A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de se indispor com sua base para buscar apoio de outros partidos na Câmara é criticada porque pode não surtir os efeitos desejados. A avaliação é do pesquisador do Núcleo de Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV) Leonardo Paz.

    Na quarta-feira (6), o governo Lula anunciou trocas nos comandos dos ministérios do Esporte e dos Portos e Aeroportos, que serão assumidos pelos deputados federais André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), respectivamente.

    Veja também – Ana Moser diz à CNN que troca no Ministério é um “abandono do esporte”

    Com a decisão, Ana Moser deixa o cargo de ministra dos Esportes sem nenhuma definição de futuro no governo, enquanto Márcio França (PSB-SP) foi realocado para uma pasta nova, a das Micro e Pequenas Empresas.

    “Mesmo Lula dando esses ministérios para o PP e Republicanos, existe uma alta probabilidade de um grupo grande desses dois partidos, ainda ligados ao ex-presidente Bolsonaro, votarem contra o governo”, analisou Leonardo Paz em entrevista à CNN Rádio.

    O pesquisador alega que, há pouco mais de dez anos, as legendas tinham mais mecanismos para punir a deslealdade de seus integrantes em decisões no Congresso. Mas uma série de reformas, que passam pela nova maneira mais individualizada de repassar emendas parlamentares, facilitou com que deputados votassem de forma “independente do que o partido determina”.

    Por outro lado, observou-se ao longo deste primeiro ano do novo mandato de Lula que até mesmo deputados de siglas de oposição tiveram autonomia para votar medidas apresentadas pelo governo.

    “No próprio PL do Bolsonaro, metade vota contra o Lula e metade vota a favor do Lula”, afirmou o pesquisador ao comentar reformas levadas pelo PT ao Congresso.

    Por isso, no entendimento de Leonardo Paz, a distribuição de ministérios pode não ser a forma mais segura para um presidente obter apoio no Congresso. Além do risco de não conquistar o apoio desejado, existe a certeza de desconforto dentro da própria base.

    “Ele [Lula] sabia que a demissão de uma ministra técnica para acomodar uma questão política vai ter reação na comunidade do Esporte. Ele tinha dificuldade de bater o martelo porque tinha que equacionar o desejo do PP e Republicanos e a repercussão negativa que vai sofrer por ceder à política partidária uma coisa que poderia ser técnica.”

    Na avaliação do pesquisador, essa relação estreitada por meio de distribuição de cargos enfraquece os partidos porque vincula as votações a acordos com o governo, e não com ideologias e convicções da legenda.

    *Produzido por Bel Campos, da CNN, em São Paulo