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    Receita busca Casa Civil para solucionar impasse e evitar greve

    Ciro Nogueira ainda não entrou na negociação por considerar que o assunto já foi definido pelo Congresso a partir de uma decisão de Bolsonaro; secretário tenta conversa até esta quinta-feira (23)

    Caio Junqueirada CNN

    Diante da ausência em Brasília do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, o novo secretário da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes, tenta negociar com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, uma solução para o impasse que atingiu a categoria depois de o Congresso aprovar o Orçamento com a previsão de recursos para reajuste de policiais em detrimento de outros órgãos.

    Segundo fontes do governo, Ciro ainda não entrou na negociação por considerar que o assunto já foi definido pelo Congresso a partir de uma decisão de Bolsonaro referente a um órgão da alçada da Economia.

    O secretário da Receita, porém, tenta uma conversa pelo menos até esta quinta-feira (23), quando se realizará uma audiência dos servidores da Receita para referendar o movimento iniciado nesta quarta-feira com entrega de cargos e propor operação padrão nas aduanas.

    Mesmo dentro da categoria, contudo, há ceticismo quanto ao sucesso do movimento. O principal sindicato que representa os servidores da Receita, o Sindicato Nacional dos Auditores (Sindifisco), acaba de sair de uma eleição interna muito conflagrada na qual a chapa de situação foi derrotada.

    O atual presidente, Kleber Cabral, que lidera o movimento, entrega seu cargo para um opositor interno no dia 31 de dezembro.

    Ao longo do seu mandato, seus opositores acusaram sua gestão de se aproximar do Palácio do Planalto, tanto que teria conseguido influenciar na recente substituição do secretário da Receita neste mês.

    Julio Cesar, o escolhido por Bolsonaro para assumir o órgão, era coordenador jurídico do sindicato e assumiu após o presidente da República supostamente considerar que Tostes não teria freado investigações contra seus familiares e aliados.

    O fato é que a atual gestão do sindicato não entregou aos servidores a principal reivindicação da categoria: o pagamento de uma gratificação associada à produtividade.

    Por esse motivo, lideranças de oposição relataram à CNN terem dúvidas se o levante contra o governo terá respaldo de toda a categoria. Avaliam que até agora as entregas de cargo se concentram nos cargos comissionados que representa menos de um quinto da categoria. Seria, portanto, um movimento de chefes, não da base que ainda não teria entrado no movimento, mesmo porque isso implica em exonerações.

    A data também é considerada um fator dificultador: a dois dias do natal, a capacidade de mobilização fica mais difícil.
    Se aprovada, a operação padrão pode ter grande impacto nas importações e exportações, já que afeta órgãos responsáveis por controlar a entrada e saída de mercadorias.

    Procurado, Kleber Cabral disse que a sua oposição interna lhe acusa de ser próximo ao governo mas que ao longo do mandato teve vários confrontos, especialmente com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

    Também rejeita a ideia de que influenciou na indicação do novo secretário da Receita. Afirmou que só soube da mudança depois que ela estava consolidada. E disse que, depois da aprovação do Orçamento, o trabalho da Receita ficou praticamente inviabilizado.

    “A Receita já sofre cortes há alguns anos. Eram R$ 3 bilhões o Orçamento e hoje ficou com praticamente a metade”, declarou. Segundo ele, a movimentação de entrega de cargos decorre “de um sentimento represado da categoria de insatisfação com o governo”.

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