Randolfe: CPI quer saber se presidente mandou adulterar estudo atribuído ao TCU
Documento que chegou às mãos do presidente por meio de pai de auditor do TCU foi alterado, segundo depoente
O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou em entrevista coletiva nesta terça-feira (17) que os membros da comissão querem saber se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) solicitou alterações no “estudo paralelo” sobre super notificação de mortes por Covid-19.
“Gostaríamos de ter o esclarecimento do presidente da República de que essa alteração não ocorreu da lavra dele”, disse Randolfe.
A fala de Randolfe aconteceu após o término do depoimento do auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Marques, que elaborou o “estudo paralelo” sobre as mortes por Covid-19. Durante sua oitiva, Marques afirmou que o documento mostrado pelo presidente foi alterado.
“Se esse crime, e todos os elementos levam a isso, foi cometido pelo presidente da República, se circulou um documento com o timbre do TCU, sem ter nada a ver com o TCU, a não ser o estudo preliminar do servidor, isso incorre dois delitos: em crime comum, previsto no artigo 297 do Código Penal, e em crime de responsabilidade”, disse Randolfe.
O depoente afirmou ter ficado “indignado” com seu pai, que foi quem enviou o documento a Bolsonaro em 6 de junho. “O depoimento de hoje contribuiu. Um novo tipo penal que foi por nós encontrado e por nós caracterizado”, disse o vice-presidente da comissão.
Bolsonaro chegou a exibir o documento, que teria sido adulterado segundo Marques, durante conversa com apoiadores na manhã de 7 de junho e também durante transmissão ao vivo. Randolfe, no entanto, afirmou que o pai do auditor não será convocado para depor na CPI após Marques concordar em fornecer as informações sobre troca de mensagens entre ele e o pai.
“Tendo essas informações, vamos à uma rápida cronoologia no intervalo de 31 de maio a 6 de junho. A coordenadora descartou a validade dos dados e, na sequência, ele conversa informalmente com o pai. E quem é que primeiro torna o documento público? O presidente, na segunda-feira, dia 7”, diz Randolfe.
“Os elementos nos levam a crer que a falsificação aconteceu ou na Presidência da República ou por parte do presidente. Talvez seja a única dúvida a se questionar. Não há necessidade da presença do pai do depoente de hoje.”