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    Ramos diz que não houve disputa entre Moro e Bolsonaro, mas “divergência”

    Ministro da Secretaria de Governo diz a investigadores que soube do desejo do presidente em trocar Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal no ano passado

    Renata Agostinida CNN

    O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, afirmou em depoimento nesta terca-feira (12) que não houve disputa política entre Jair Bolsonaro e Sergio Moro, mas uma “divergência de entendimentos”.

    Segundo a íntegra do depoimento de Ramos, que a CNN teve acesso, ele afirmou aos investigadores que soube do desejo do presidente em trocar Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal “entre novembro e dezembro” do ano passado em numa reunião no Palácio do Planalto, mas que não foi apresentado a ele o motivo na ocasião. 

    O ministro disse aos investigadores que, em fevereiro deste ano, Moro o procurou dizendo estar preocupado com a intenção de Bolsonaro de trocar a direção-geral da Polícia Federal. E que, em abril, o próprio presidente falou que Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), era seu nome de confiança para assumir o lugar de Valeixo.

    Conforme relato de Ramos, Bolsonaro afirmou que Valeixo estava cansado e que queria “sangue novo” na chefia da Polícia Federal.

    De acordo com Ramos, na reunião do dia 22 de abril no Palácio do Planalto, Bolsonaro demonstrou mais de uma vez insatisfação com a qualidade dos relatórios do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) em geral — e não focou especificamente na Polícia Federal.

    Nesse encontro, o presidente cobrou dos ministros maior defesa do governo e, segundo Ramos, disse: “Vocês precisam estar comigo”.

    O ministro afirmou ainda que o presidente citou preocupação com falhas na sua segurança pessoal e que, neste momento, chegou a olhar para o General Augusto Heleno, que é chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), pasta responsável pela segurança presidencial e de seus familiares. 

    Segundo Ramos, neste momento, pode ter havido uma interpretação equivocada da cobrança do presidente por alguns ministro, “incluindo Moro”.

    Ramos diz que, no dia 23 de abril, após ser alertado por Moro que poderia deixar o governo caso Bolsonaro insistisse na troca de Valeixo, ele tentou uma solução intermediária “por iniciativa própria”. Telefonou então a Moro, que retornou dizendo que só aceitaria a saída de Valeixo se Bolsonaro nomeasse Disney Rossetti.

    De acordo com o depoimento de Ramos, sabendo que Bolsonaro não aceitaria essa imposição, o ministro não levou adiante a proposta ao presidente. 

    Segundo Ramos, Bolsonaro nunca solicitou dados sigilosos ou relatórios de inteligência aos quais não pudesse ter acesso. Ele afirmou que, em sua visão, não houve disputa política entre Moro e Bolsonaro, mas uma “divergência de entendimentos”.

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