Ramagem contribui, responde perguntas de investigadores e depoimento se estende pela noite
Deputado federal começou a prestar depoimento no meio da tarde sobre suposto esquema de espionagem ilegal operado pela agência quando ele era diretor
O depoimento do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) à Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira (17), no âmbito da investigação da chamada “Abin paralela”, se estendeu pela noite.
O parlamentar chegou atrasado, às 15h20, para o interrogatório marcado para às 15h. Chegou em um carro preto, sem placa oficial de deputado, na Superintendência da PF no Rio de Janeiro. E, desde então, está respondendo ao que lhe é perguntado, segundo fontes.
Ramagem era diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão de Jair Bolsonaro (PL) e é investigado por supostamente ter usado o órgão para espionar ilegalmente desafetos do governo passado.
Segundo integrantes da PF, Ramagem responde “a seu modo” a maior parte dos questionamentos dos investigadores.
Os assuntos abordados pela PF procuram responder pontos considerados em aberto pelos investigadores, como: esclarecer o áudio que Ramagem gravou em reunião com Bolsonaro, o general Augusto Heleno e duas advogadas do senador Flávio Bolsonaro. O material foi encontrado no computador do ex-diretor da Abin.
A PF também questiona o deputado sobre o encontro dele com o atual diretor da Abin, delegado Luiz Fernando Corrêa, em junho do ano passado. Corrêa foi indicado por Lula.
Os delegados que apuram o caso também questionaram o deputado, que também é delegado de carreira da PF, sobre os cinco acusados que foram presos na semana passada na mais recente fase da investigação, a operação Última Milha. A PF aponta ligação da “Abin paralela” – sob comando de Ramagem – com o chamado “gabinete do ódio”, montado no Palácio do Planalto.
O depoimento, de acordo com expectativa dos integrantes da força policial, deve passar de 4 horas ao todo. Ao ser intimado, o deputado comemorou e adiantou que estava “esperando por esse momento”. Ele nega qualquer irregularidade sobre espionagem ilegal.