Radar Político: reeleição do Trump reforçaria lógica conservadora de Bolsonaro
Interesse do presidente vai além da questão econômica e passa pela questão ideológica, já que vitória do republicano reforçaria programa do líder brasileiro
No quadro Radar Político, na CNN Rádio, desta quarta-feira (4), Fernando Molica, Caio Junqueira e Igor Gadelha comentam os resultados parciais da apuração na eleição presidencial dos Estados Unidos.
“Vamos ver como o governo Bolsonaro reage a uma eventual vitória do Biden. Ele [o presidente] jogou todas as fichas na reeleição do Trump, aposta muito nessa relação que, nesses dois anos, foi mais favorável aos EUA do que para o Brasil”, disse Molica.
“Bolsonaro aposta não só na questão econômica, mas também na questão ideológica. Uma reeleição do Trump reforçaria essa lógica conservadora, viés à direita, lógica de costumes que é, basicamente, o programa de Jair Bolsonaro”, completou.
Junqueira destacou que entre o fim da votação na terça-feira (3) e a apuração parcial desta quarta houve uma mudança de postura de membros do governo brasileiro em relação à votação norte-americana.
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“Eu conversei com duas fontes que dão a vitória do Trump como certa e vão pelo questionamento das pesquisas, da mídia, uma linha que o presidente americano adota e o Bolsonaro também”, disse.
“O que ontem era uma cautela no Itamaraty, hoje já virou um clima ‘de já ganhou’ e até uma certa satisfação entre os estrategistas do Ministério das Relações Exteriores. Um clima até de certo alívio, apesar de a eleição não estar definida.”
Gadelha apontou que a atenção mundial em torno do resultado da votação nos EUA acabou desviando o foco de outros assuntos, como a denúncia do senador Flávio Bolsonaro – e de assessores – feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro pela prática dos crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita, ocorridos entre os anos de 2007 e 2018.

“[A eleição] abafou sim. Há quem diga aqui em Brasília que se trata até de uma estratégia a denúncia do MP ser divulgada em meio a essa eleição”, disse Gadelha.
“É isso que o Planalto tem feito muito, focado sua conversa com jornalistas nas eleições americanas. O presidente Bolsonaro, com o chanceler Ernesto Araújo e o assessor para assuntos internacionais Filipe Martins, acompanhou a apuração até 3h”, completou.