Radar Político: Planalto não achou ruim sorteio de Moraes para julgamento no STF
Ministros e auxiliares do presidente consideram que magistrado está em 'nova fase' e deve ser 'até mais justo' com o presidente do que Celso de Mello
No quadro Radar Político, na CNN Rádio, nesta quarta-feira (21), Fernando Molica e Igor Gadelha falam sobre o sorteio do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como novo relator do inquérito que apura suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal.
De acordo com Gadelha, apesar das decisões recentes de Moraes que não foram de encontro com os interesses do Palácio do Planalto – como a suspensão da posse de Alexandre Ramagem como diretor-geral da PF – membros do governo não acharam ruim essa escolha.
“A avaliação deles é que Alexandre de Moares está em uma nova fase e deve ser mais justo com o presidente Jair Bolsonaro. Mais até do que Celso de Mello, que era o relator até então”, disse.
Ele afirmou que auxiliares presidenciais têm ressaltado, nos bastidores, uma recente entrevista do ministro à revista Veja em que ele afirma que os choques são normais no início de qualquer governo e que a relação entre os poderes tende a ser mais tranquila daqui em diante.
Assista e leia também:
Moraes é sorteado novo relator do inquérito que apura interferência na PF
Marco Aurélio suspende inquérito sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF
‘Celso de Mello acertou’, diz advogado sobre depoimento presencial de Bolsonaro
“Eles se apegaram a essa entrevista para crer que Moraes será mais justo com o presidente. Os ministros ressaltam ainda que esse inquérito já deu o que tinha que dar e que deve, na avaliação deles, ser encerrado o mais rápido possível”, completou.
Para Molica, é importante observar como Moares votará sobre a defesa de Bolsonaro no processo, que definirá se o presidente pode ser manifestar por escrito ou se o terá de fazer pessoalmente.
“O voto nesse ponto específico sobre como será o depoimento vai mostrar muito qual a disposição dele em relação a esse inquérito. Porque depois da conclusão caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) tomar uma providência”, afirmou.
Ele falou ainda sobre a isenção dos ministros em seus julgamentos, independe de que os indicou para a Corte.
“Quando o ministro coloca a toga, ele ocupa um cargo vitalício, só sai quando quando se aposenta ou se quiser, isso dá uma garantia de independência ao ministro muito forte e ele passa a lidar com a própria biografia”, disse.
“Por mais que você possa ter simpatia, algum compromisso inicial com o presidente que o indicou, o compromisso maior tem que ser com a lei, com sua convicções e com a Constituição.”
(Edição: André Rigue)