Rachadinhas não têm conexão com pandemia e precisam de outra CPI, diz Vieira
Parlamentar protocolou um pedido de abertura da "CPI da Rachadinha" e agora precisa da assinatura de pelo menos 27 senadores para dar continuidade ao processo
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) avaliou em entrevista à CNN que as suspeitas de “rachadinha” que cercam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não têm conexão com a pandemia de Covid-19 e precisam ser apuradas por outra Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
“Não tem nenhuma conexão [entre as rachadinhas e a pandemia]. Inclusive, apresentei hoje um pedido de CPI específica para cuidar desse caso [rachadinha], porque não cabe querer trazer essa situação para dentro de uma CPI que apura omissões e ações na pandemia. Está muito fora”, disse o parlamentar.
Na noite desta segunda-feira (5), Vieira protocolou um requerimento para a instalação da “CPI da Rachadinha” no Senado Federal. Para o pedido sair do papel, o parlamentar precisa, agora, recolher assinaturas de 27 senadores, número que representa um terço da Casa.
Alessandro Vieira tomou a decisão de pedir a abertura da CPI após uma série de reportagens do portal UOL que traz diversos áudios indicando que Bolsonaro participava diretamente de um suposto esquema de “rachadinha” enquanto exercia o cargo de deputado federal.
De acordo com o senador, os relatos publicados pelo portal são “graves” e precisam ser investigados para que haja comprovação dos atos. Ainda segundo Vieira — que atuou durante 20 anos como delegado de polícia — não se trata de uma investigação complexa.
“É uma investigação que vai ter dados bancários, movimentação financeira, e isso não é demorado, além de alguns depoimentos. Mas, muito rapidamente, você vai poder saber se é verdade que o então deputado federal Jair Bolsonaro, juntamente com seus filhos, também parlamentares, exerciam uma espécie de holding da rachadinha”, afirmou.
No entendimento do senador e da equipe jurídica que elaborou o requerimento de abertura da CPI da Rachadinha, é possível fazer a investigação acerca de Bolsonaro, uma vez que os supostos esquemas tinham funcionamento enquanto o presidente exercia o cargo de deputado federal.
“São fatos graves, de repercussão nacional, que exigem uma atenção por parte do Senado para que a gente possa ter esse esclarecimento. O Brasil precisa saber quem é Jair Bolsonaro, como ele trabalhou esse tempo todo, e se é verdade esse tipo de acusação gravíssima de desvio de recursos públicos”, ressaltou.
Além do pedido do senador, a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados também protocolou uma representação contra Bolsonaro na Procuradoria-Geral da República (PGR) requerendo que sejam investigados os possíveis crimes de peculato, prevaricação, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.