Racha em partidos da oposição persiste mesmo após candidatura de Baleia Rossi
Dentro do PT, a dificuldade principal está em apoiar a candidatura de um integrante do MDB, principal beneficiário do impeachment de Dilma Rousseff em 2016
O anúncio da candidatura do deputado Baleia Rossi (SP), líder e presidente nacional do MDB, à presidência da Câmara foi insuficiente para garantir a adesão coesa dos principais partidos da oposição na sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Apesar do discurso de união e de ser considerado de bom diálogo, o emedebista vai colocar à prova essas habilidades na disputa contra o líder do PP, Arthur Lira (AL), candidato que conta com a simpatia do governo Jair Bolsonaro.
Dentro do maior partido de oposição, o PT, a dificuldade principal está em apoiar a candidatura de um integrante do MDB, principal beneficiário do impeachment de Dilma Rousseff em 2016.
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Essa adesão colocaria em xeque o discurso sustentado pelo partido de ter sido alvo de um golpe parlamentar, que levou à destituição da petista e ascensão de Michel Temer, hoje próximo de Bolsonaro.
Deputados do partido ouvidos pela CNN reconhecem que será preciso “trabalhar” para superar não só o episódio do impeachment, mas a proximidade de parte do MDB com o atual governo.
Essa situação já passou a ser explorada por deputados que apoiam a candidatura de Lira, como Marcelo Ramos (PL-AM).
“A eleição da Câmara será Governo assumido x Governo envergonhado. Arthur Lira (PP) 88% dos votos com o governo. Baleia Rossi (MDB) 90% dos votos com o governo”, escreveu o parlamentar, que chegou a figurar entre as opções do grupo de Rodrigo Maia para a disputa da Presidência da Casa.
No PSB, a divisão persiste, apesar dos esforços da cúpula do partido de tentar criar uma unidade na sucessão na Câmara. Entusiasta da candidatura Lira, o deputado pernambucano Felipe Carreras foi ao Twitter ironizar o apoio dos petistas a Baleia Rossi.
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“Caso exista esse apoio do PT ao candidato de Maia na eleição Câmara dos Deputados, vai por água baixo o discurso de golpe. Ou seja, o PT volta a ser amigo de Temer? Eita política interessante!”, postou.
No partido, a ala pró-Lira se queixa de não ter sido consultada sobre a adesão ao bloco de Maia. Aproximadamente metade dos deputados do PSB resistem a esse caminho e esperam a convocação de uma reunião da bancada para deliberar sobre a sucessão na Casa.
Aliados de Baleia Rossi tentam minimizar a resistência de parte da oposição e acreditam ser possível construir maior coesão nas bancadas dos partidos de esquerda em torno do emedebista.
O próprio deputado, agora candidato à Presidência, fez uma postagem em direção aos opositores de Jair Bolsonaro.
“Vou conversar com todos os partidos do campo progressista. Respeito e reconheço nossos pontos divergentes. O importante é focar na defesa da independência da Câmara. Nossa #frenteampla é em defesa intransigente da Democracia, pois temos ‘ódio e nojo à ditadura’, escreveu, em referência ao discurso de Ulysses Guimarães na promulgação da Constituição de 1988.