Quem zela pela democracia irá em busca da resposta, diz assessora de Marielle que sobreviveu a ataque
Fernanda Chaves estava no carro que foi alvejado com 13 tiros e não foi atingida, mas ficou ferida pelos estilhaços
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Socióloga e mestre em Administração Pública, Marielle Franco era vereadora do Rio de Janeiro. Ela foi assassinada em 14 de março de 2018 em um atentado ao carro onde ela estava; 13 tiros atingiram o veículo • Reprodução/Instagram
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Anderson Gomes, motorista do carro que levava Marielle, também morreu no atentado • Reprodução/Facebook
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Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são os acusados do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes • Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil
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A Justiça brasileira segue na busca pelos mandantes do assassinato da vereadora • Reprodução/Instagram
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Uma estátua de Marielle Franco foi inaugurada na Praça Mário Lago, no centro da capital fluminense • Divulgação/Instituição Marielle Franco
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Marielle era presidente da Comissão da Mulher na Câmara; segundo o Instituto Marielle Franco, ela iniciou sua militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e traficantes no Complexo da Maré • Reprodução/Instagram
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A irmã de Marielle, Anielle Franco, é ministra da Igualdade Racional do Brasil do governo Lula • Reprodução/Instagram
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Marielle Franco era casada com a também vereadora Monica Benicio • Reprodução/Instagram
Quem zela pela democracia irá em busca da resposta, justiça e responsabilização pelo crime, disse, nesta segunda-feira (24) a assessora de Marielle Franco, Fernanda Chaves, que sobreviveu ao ataque a tiros que tirou a vida da vereadora e do motorista Anderson Gomes
Por volta das 21h do dia 14 de março de 2018, o carro de Marielle foi alvejado com 13 tiros de uma submetralhadora HK MP5. A parlamentar foi atingida por quatro tiros na cabeça e Anderson, por três. Os dois morreram no local. Fernanda não foi atingida, mas ficou ferida pelos estilhaços.
Revelações do ex-policial militar Élcio Queiroz em delação premiada levaram hoje à Operação Élpis, da Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), que cumpriu um mandado de prisão preventiva contra o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa e sete mandados de busca e apreensão.
Preso desde março de 2019, Élcio Queiroz – acusado de dirigir o carro usado na noite do crime – confirmou a sua participação, além de apontar outras pessoas como coparticipantes do crime. As declarações, que foram colhidas no presídio federal de Brasília.
“Recebo a notícia com satisfação. Um passo importante, sobretudo após um imenso hiato, em que ficamos sem qualquer avanço das investigações e nenhuma manifestação das autoridades sobre esse crime. O assassinato de Marielle foi um crime político. Esse atentado expôs a vulnerabilidade da nossa democracia e expôs a frágil proteção oferecida aos defensores de direitos humanos”, declarou Fernanda.
“Seu não esclarecimento só fez contribuir para a sensação de impunidade e ainda macula a legitimidade das instituições garantidoras de justiça e segurança pública do país – e foi assim nos ultimos anos. Quem zela pela democracia irá em busca da resposta, justiça e responsabilização”, prosseguiu.
O que foi dito na delação sobre o assassinato de Marielle e Anderson
- Maxwell seguia os passos de Marielle, se desfez de armas e levou o carro utilizado no crime para desmanche;
- Ronnie Lessa foi de fato quem disparou os tiros que mataram Marielle e Anderson.
Em seu depoimento, Élcio Queiroz afirmou que Ronnie Lessa – sargento reformado que, assim como ele, está preso desde março de 2019 – foi o autor dos disparos que mataram Anderson e Marielle, após a vereadora participar de um evento na Casa das Pretas, no bairro carioca da Lapa.
Élcio narrou também a participação de um terceiro indivíduo, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa.
Conhecido como Suel, ele fazia “campana” seguindo os passados de Marielle, e ainda teria ajudado a esconder armas de Ronnie Lessa e levado o carro utilizado na noite do crime para um desmanche. O ex-bombeiro já havia sido preso, em junho de 2020, por obstrução de Justiça, acusado de atrapalhar as investigações da morte da vereadora e do motorista, mas cumpria a pena em regime domiciliar.
“Maxwell auxilia no crime tanto antes, na manutenção e guarda do carro, na vigilância da vereadora. Após o crime, ele auxilia os executores a trocar as placas do veículo, auxilia também ao contatar a pessoa que foi responsável por se desfazer do carro. E Maxwell era quem auxiliava na manutenção da família do Élcio. Ele vinha auxiliando os executores a se eximirem da sua participação do crime. Ele solto continuaria a se desfazer de provas, com indícios de movimento do Maxwell em atividades de organização criminosa”, disse o promotor Eduardo Morais.
“Conseguimos, em um trabalho conjunto com o MP, exaurir e determinar com muita precisão, e com lastro probatório muito importante e firme, como foi aquele dia 14 de março de 2018”, disse o superintendente regional da PF, Leandro Almada da Costa, em entrevista coletiva, no Rio de Janeiro.
O superintendente ainda disse que, com a delação, “um pacto de silêncio foi rompido”.