Quem são os cotados para o Ministério da Saúde
Ludhmila Hajjar, Nelson Teich e Paolo Zanotto são alguns dos nomes


Com o agravamento da crise entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), em meio à pandemia do novo coronavírus, nomes cotados para chefiar a pasta já se consolidam com mais força.
Segundo o analista da CNN Caio Junqueira, uma fonte próxima ao presidente diz que ele é “imprevisível” e que tanto pode demitir Mandetta nesta semana, como deixar a crise da pandemia se agravar para que sua saída seja justificada por critérios mais técnicos que políticos.
Para o lugar de Mandetta, o Planalto passou a avaliar o nome do secretário-executivo, João Gabbardo, que é mais próximo do grupo político do ministro Onyx Lorenzoni e do deputado federal Osmar Terra. No entanto, essa aposta já foi descartada.
Outro nome citado nos bastidores é o da médica Ludhmila Abrahão Hajjar, diretora de ciência e tecnologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Ela fez parte da comissão de especialistas que se reuniu com presidente Jair Bolsonaro há duas semanas para discutir o uso da hidroxicloroquina no combate ao novo coronavírus.
O virologista Paolo Zanotto, professor no Instituto de Ciências Biomédicas da USP – onde pesquisa vírus emergentes como zika, dengue, chikungunya e febre amarela –, também vem sendo cogitado para o cargo. Também são analisados os nomes de Maria Inez Pordeus Gadelha, médica da pasta, e Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Logo após Bolsonaro vencer o segundo turno das eleições presidenciais, em outubro de 2018, uma carta assinada por 80 médicos pedia que a Saúde fosse chefiada pelo atual presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), Lincoln Lopes Ferreira. Ele também pode estar cotado para assumir a pasta.
O oncologista Nelson Teich é outro com boa aprovação entre membros da AMB. Assim como Mandetta, ele é defensor do isolamento horizontal como forma de lutar contra a epidemia, posição diferente da que Bolsonaro tem adotado, ao sugerir que apenas pessoas do grupo de risco se isolem.
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Ludhmila Abrahão Hajjar

Diretora de ciência e tecnologia da sociedade brasileira de cardiologia, Ludhmila integra um grupo de pesquisadores que tem estudado a eficácia e a segurança da hidroxicloroquina no combate ao novo coronavírus. Segundo a médica, o principal gargalo da pandemia tem sido a falta de estrutura das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) brasileiras.
É professora associada da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo na disciplina de cardiologia, coordena o núcleo de cardio-oncologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (INCOR-HCFM-USP), lidera a cardiologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).
A médica também é vice-coordenadora do programa de pós-graduação em cardiologia da Faculdade de Medicina da USP e coordena a UTI do Hospital Paulistano.
Ludhmila Abrahão Hajjar se formou em medicina pela Universidade de Brasília (UNB). Fez residência em clínica médica no HCFM-USP e em cardiologia no INCOR-HCFM-USP. Ela é especialista em clínica médica, cardiologia, terapia intensiva, medicina de emergência e livre-docência na área de cardiologia crítica USP.
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A médica nasceu em Goiás e ganhou destaque com uma tese de doutorado que mudou o protocolo de cirurgias cardíacas, na qual constatou que o uso de 30% menos de sangue transplantado no procedimento melhora o prognóstico do paciente. O estudo foi publicado na revista Jama (Journal of American Medical Association), uma das principais publicações científicas do mundo
Maria Inez Pordeus Gadelha

Maria Inez Pordeus Gadelha atualmente ocupa a cadeira de chefia do gabinete da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes). É médica pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
A paraibana é avaliada como importante na participação para a evolução da discussão sobre o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos no Brasil pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP).
Como médica oncologista, integrou o corpo funcional do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Hoje dedica-se ao serviço público. Entre 2009 e 2011 integrou a Comissão de Incorporação de Tecnologias do Ministério da Saúde. No ano seguinte, foi designada membro titular desta Secretaria para a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS.
Marcelo Queiroga

Marcelo Queiroga preside hoje a Associação Médica Brasileira (AMB), a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e é responsável pelo Departamento de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Hospital Alberto Urquiza Wanderley, em João Pessoa (PB).
Doutor pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marcelo defende o isolamento social e a “telecardiologia”, considerada por ele uma estratégia útil para suprir a redução do atendimento presencial dos pacientes com doenças crônicas. Ele também se posicionou a favor de medidas que viabilizem seguros para profissionais de saúde à frente da pandemia da COVID-19.
Nelson Teich

Empresário do ramo de saúde e médico pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Nelson Teich já foi consultor informal na área de saúde da equipe de campanha de Bolsonaro à presidência em 2018.
Se especializou em Oncologia pelo Instituto Nacional do Câncer (1990). É Presidente da COI – Clínicas Oncológicas Integradas S.A. e Diretor Executivo da MedInsight – Decisions in Health Care e membro do corpo editorial do American Journal of Medical Quality.
Teich também é fundador e presidente do grupo Clínicas Oncológicas Integradas (COI) e assessorou, entre setembro de 2019 a janeiro de 2020, o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna.
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Otavio Berwanger

Otávio Berwanger, que, no início do mês, participou de reunião com um grupo de médicos no Planalto, é médico pela Universidade Federal de Cie^ncias Me´dicas de Porto Alegre (UFCSPA). Em 2007, conlcuiu po´s-doutorado em epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), onde também é professor.
Atualmente e´ diretor da academia de pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein. Dirigiu o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Corac¸a~o de Sa~o Paulo (HCor). Além da experie^ncia em epidemiologia, também tem contato com a pesquisa cli´nica na a´rea cardiovascular.
Em 27 de março, Otávio esteve presente em um comitê especial da Associação Médica Brasileira (AMB) em que foi criada uma equipe multidisciplinar que desenhou três projetos de pesquisa com hidroxicloroquina para o tratamento da COVID-19.
Paolo Marinho de Andrade Zanotto

Virologista, com doutorado pela Universidade Oxford, é professor no Instituto de Ciências Biomédicas da USP, onde pesquisa vírus emergentes como zika, dengue, chikungunya e febre amarela.
Tem graduação em Biologia pela Universidade de São Paulo (1981), mestrado em Molecular Virology – University of Florida (1990) e doutorado em Virologia – University of Oxford (1995). Atualmente é professor doutor da Universidade de São Paulo.
Com experiência na área de microbiologia com ênfase em Virologia, atua, principalmente, nos seguintes temas: evolução de flavivirus, baculovirus, filogenia viral, arboviroses emergentes e filogenia molecular.
Junto com o Instituto de Ciências Biomédicas da USP, desenvolveu um teste para detectar o vírus da Zika. O exame discrimina os anticorpos gerados em pessoas infectadas pelo vírus da dengue ou em pessoas que foram vacinadas contra a febre amarela.
Lincoln Lopes Ferreira

Presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), é especializado em gastroenterologia e cirurgião-geral no hospital Socor, em Belo Horizonte.
Tem MBA em gestão de organizações hospitalares e sistemas de saúde na FGV (Fundação Getúlio Vargas) e já chefiou a Associação Médica de Minas Gerais.
Após o segundo turno das eleições presidenciais, em novembro de 2018, foi divulgada uma carta assinada por 80 médicos que pedia que Ferreira assumisse a pasta. De acordo com o texto, ele havia contribuído significativamente com a “luta franca e declarada contra os desmandos e a ideologização do Ministério da Saúde nos últimos governos”.
Uma nota da AMB, assinada por Ferreira em 21 de março, diz que a organização só recomenda o uso da hidroxicloroquina em pacientes da COVID-19 em “ambiente experimental”. “Hoje, não há evidência científica ou segurança que permita, de forma responsável classificar este procedimento [a administração da hidroxicloroquina] como aconselhável para tratamento dos pacientes de coronavírus”, escreveu.
Luciano Dias Azevedo

Luciano Dias Azevedo é anestesista, formado em Medicina pela Unicamp e especializado em residencia médica pela mesma instituição. Ele é ex-oficial médico da Marinha do Brasil na Amazônia e trabalha em projetos de implantação de hospitais e treinamento profissional no interior Amazônico, no atendimento de populações ribeirinhas e indígenas.
Errata: inicialmente, a CNN informou que um dos nomes cotados para a substituição de Mandetta era o médico do Sírio Libanês Luciano Cesar Pontes de Azevedo, quando, na verdade, trata-se do anestesista Luciano Dias Azevedo, que não pertence ao corpo do hospital. A informação foi corrigida.