Quem foi Luiz Carlos Cancellier, reitor homenageado por Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva relembrou Cancellier durante encontro com reitores nesta quinta-feira (19) e disse que "suas ideias continuaram entre nós"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relembrou, em encontro com reitores das universidades federais nesta quinta-feira (19), a morte do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luiz Carlos Cancellier, em 2017.
Lula homenageou o reitor, que se suicidou em um shopping de Florianópolis dias após ter sido alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF). O presidente disse que Cancellier se matou “pela pressão de uma polícia ignorante, de um promotor ignorante, de pessoas que condenaram antes de investigar e julgar.”
“Pode ter morrido a sua carne, mas as suas ideias continuaram entre nós, a cada momento que a gente pensar em educação, na formação profissional e intelectual do povo brasileiro”, disse.
Lula falou que tem muita gente disposta a dar sequência ao trabalho de Cancellier e que há de se “trabalhar para que a gente nunca mais permita acontecer o que aconteceu com o reitor em Santa Catarina”.
O presidente lamentou que a homenagem venha com anos de atraso, já que os dois presidentes anteriores não a promoveram. Ele também postou sobre o reitor em suas redes sociais.
https://twitter.com/LulaOficial/status/1616090093973897216?s=20&t=a1Hftms40KVRuTJo-pJjZw
O caso
Cancellier e outros professores da UFSC foram investigados, em 2017, por conta de supostas irregularidades na distribuição de recursos em cursos de educação à distância da universidade. A Operação Ouvidos Moucos foi conduzida, na época, pela Polícia Federal (PF).
Após a morte do reitor, se discutiu muito sobre o modo como a operação estava sendo conduzida, a espetacularização do caso e uma suposta falta de provas. A polícia divulgou que o total de dinheiro desviado teria sido de R$ 80 milhões e voltou atrás, retificando que esse valor, na verdade, era o total destinado ao programa, mas o número já havia sido amplamente divulgado pela mídia.
Segundo a família de Cancellier, o ato extremo foi desencadeado após a prisão do reitor em 14 de setembro daquele ano.
Ele foi detido após ser acusado de interferir nas investigações. No dia seguinte à prisão, a juíza federal Marjorie Freiberger determinou sua soltura por falta de provas apresentadas pela delegada Erika Marena, que também atuava na Operação Lava Jato.
Todo o processo contou com intensa exposição e cobertura midiática, e a família de Cancellier acusou a PF de abuso de poder. No bolso de Cancellier, foi encontrado um bilhete junto à sua carteira de motorista que dizia: “A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade”.
Se estiver pensando em suicídio, o Centro de Valorização à Vida (CVV) tem voluntários treinados à disposição, de segunda a segunda, 24h por dia, no telefone 188 (com ligações gratuitas) e por chat e e-mail.