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    Quem é Cláudio Castro, o novo governador do Rio de Janeiro

    Cantor católico, advogado e assessor legislativo, Castro foi de vereador novato a governador do estado em apenas quatro anos

    Anna Satie e Renato Barcellos, da CNN, em São Paulo

    Cláudio Bomfim de Castro e Silva, de 42 anos, será o novo governador do Rio de Janeiro. Com a condenação do governador afastado Wilson Witzel (PSC) em um processo de impeachment, Castro tomará posse em definitivo como ocupante do Palácio das Laranjeiras, com mandato até dezembro de 2022.

    A cerimônia de posse, que dará fim à interinidade que dura oito meses, deve acontecer já neste sábado (1.º), entre 10h e 11h, no Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

    Assim como Witzel, Castro é filiado ao Partido Social Cristão (PSC). O novo governador do Rio é  advogado, católico e autor de dois álbuns de música religiosa. Em 2019, tomou posse, aos 40 anos, como o mais jovem vice-governador fluminense desde a redemocratização.

    Investigação e interinidade

    Em 28 de agosto de 2020, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou Wilson Witzel do governo do Rio de Janeiro. A decisão partiu de uma operação contra suspeita de desvios em contratos públicos que também resultou na prisão de Pastor Everaldo, ex-presidenciável e presidente nacional do PSC, partido tanto de Witzel quanto de Castro.

    O novo governador do Rio de Janeiro também foi ele mesmo um dos alvos da investigação de corrupção em contratos públicos do Executivo fluminense, na mesma operação autorizada pelo STJ em que Witzel foi afastado. Castro nega qualquer envolvimento.

    Wilson Witzel e Cláudio Castro
    Wilson Witzel e Cláudio Castro ao centro, durante posse em 2019; na foto, entre Dom Orani Tempesta, Rodrigo Maia, André Ceciliano e Marcelo Crivella
    Foto: Thiago Lontra/Alerj

    Juiz federal de carreira, Wilson Witzel deixou a magistratura para concorrer a governador em 2018 pelo PSC. Com uma coligação pequena, fato que pode ser explicado também pelo baixo desempenho das primeiras pesquisas, Witzel acabou tendo um nome da própria legenda como candidato a vice, Cláudio Castro, vereador de primeiro mandato da capital.

    Com a posse de Castro como novo governador, o Rio de Janeiro passa a não ter mais vice-governador até o fim do atual mandato. Caso Cláudio Castro precise se afastar por qualquer motivo, o cargo será assumido pelo presidente da Assembleia Legislativa, posto exercido hoje pelo deputado estadual André Ceciliano (PT).

    Bolsonaro

    A chapa formada por Wilson Witzel e Cláudio Castro foi eleita em 2018 com o apoio da família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sobretudo do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). 

    Quando foi afastado do cargo, Witzel já havia se distanciado politicamente do presidente da República. Recentemente, em entrevista à CNN, o agora ex-governador acusou Jair Bolsonaro de persegui-lo.

    Após a sua posse como governador interino, Cláudio Castro foi elogiado pelo senador Flávio Bolsonaro, que o considerou “mais humilde e realista” do que Wilson Witzel.

    Enquanto vice-governador de Witzel, Castro esteve à frente do Detran e do DER (Departamento de Estradas e Rodagem). Durante a pandemia, coordenou o Mutirão Humanitário, que distribuiu cestas básicas e kits de limpeza em 13 cidades do Rio.

    Religião, música e direito

    Cláudio nasceu em Santos (SP), mas foi morar no Rio ainda criança. Graduado em Direito, Cláudio Castro dividiu a parceria, tanto na música quanto na política, com o deputado estadual Márcio Pacheco (PSC). O parlamentar também é cantor católico e já dividiu palco com Castro, que foi vocalista da banda Em Nome do Pai.

    O primeiro álbum solo do governador foi lançado em 2011 e também se chama Em Nome do Pai, em homenagem à antiga banda, que começou na paróquia São Francisco de Paula, na Barra da Tijuca, zona oeste carioca. Seu último lançamento é de 2015, o disco Dia de Celebração. No Spotify, Castro tem 88 ouvintes mensais.

    O site oficial do governo do Rio de Janeiro também apresenta Castro como advogado, “músico, compositor e evangelizador”.

    A primeira atuação do novo governador na política data de 2004, quando se tornou chefe de gabinete de Márcio Pacheco, então vereador no Rio de Janeiro. Castro o acompanhou quando Pacheco se tornou deputado estadual, a partir de 2011, com dois afastamentos do gabinete da Alerj para tentar ele mesmo de eleger.

    Na primeira tentativa, em 2012, Castro não conquistou um mandato de vereador, que viria no pleito seguinte. Nas eleições de 2016, Cláudio Castro foi eleito com 10.262 votos, total que seria insuficiente para garantir-lhe o mandato sem depender do coeficiente partidário.

    O principal puxador de votos do PSC naquela eleição foi Carlos Bolsonaro, que recebeu 106.657 votos. O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro mudou de partido após o pleito e hoje faz parte do Republicanos.

    Tomou posse como vereador em 2017 e dois anos depois já visitava, como vice-governador, a Câmara Municipal, onde recebeu em maio de 2019 a medalha Pedro Ernesto, mais importante honraria do legislativo carioca.

    Entre as 11 propostas de sua autoria como vereador, estão a criação de incentivos ao esporte, a publicização da fila de espera para serviços de saúde e o tombamento do escotismo como patrimônio imaterial do Rio de Janeiro.

    Ao lado do vereador Felipe Michel (PP), foi Castro quem editou o decreto legislativo que concedeu o título de cidadão honorário a Witzel — em dezembro de 2018, após vitória na eleição.

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