Queiroga está sendo investigado na CPI por depoimentos “pífios”, diz Renan
Entre as supostas mentiras, Renan citou a alegada autonomia de Queiroga ante o presidente Jair Bolsonaro
O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse em entrevista à CNN nesta quinta-feira (17) que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, está sendo investigado pela comissão por seus depoimentos “pífios” e com muitas mentiras aos senadores.
“Nós poderíamos colocá-lo como investigado nessa primeira lista ou depois, numa segunda, numa terceira, mas eu conversei com todos da comissão, ouvi o posicionamento de todos e, ao final e ao cabo, resolvi colocá-lo na condição de investigado”, contou Renan, explicando que essa atitude configura “uma tentativa de parar o que ele tem feito na condição de ministro da Saúde”. “Eu espero que isso, desta vez, tenha alguma eficácia”, disse o relator.
Entre as supostas mentiras, Renan citou a alegada autonomia de Queiroga ante o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para montar sua equipe e definir as estratégias de enfrentamento à pandemia da Covid-19.
Segundo o senador, Queiroga ainda teria levado um “puxão de orelha” do presidente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, pelo fato de o Brasil ter aderido ao consórcio de vacinas Covax Facility comprando a cota mínima, suficiente para a cobertura vacinal de só 10% da população. “Pior: nessa oportunidade, ele [Queiroga] ofereceu o tratamento precoce como um produto nacional e, mentindo, disse que a aqui no Brasil, tanto a cloroquina quanto o tratamento precoce teriam obtido uma eficácia de 70% das aplicações. Quer dizer, não dá”, disse Calheiros.
O senador explicou que a CPI “tem uma característica inibitória”, isto é, deve servir, entre outras coisas, para dissuadir investigados de prosseguirem em suas práticas, o que seria o caso de Queiroga. “Ele continua a praticá-las. É importante colocá-lo como investigado e isso significa um passo adiante na própria apuração”.
Outros investigados
A decisão de tornar alguém um investigado da CPI cabe somente ao relator da comissão. Neste caso, além do ministro da Saúde, a lista de investigados definida por Calheiros inclui os ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro, os médicos Nise Yamaguchi e Paulo Zanotto, o empresário Carlos Wizard, o ex-assessor da Presidência da República Arthur Weintraub, a coordenadora-geral do Plano Nacional de Imunização (PNI), Franciele Santana, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco e o ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo.