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    Quatro tópicos para entender o depoimento de Dominghetti à CPI da Pandemia

    Sessão foi marcada por muita confusão, tumultos e até pedido de prisão

    Renato Barcellos, da CNN, em Sâo Paulo

    Em sessão conturbada e confusa, a CPI da Pandemia ouviu o policial militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti. O policial — que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply — relatou ao jornal “Folha de S.Paulo” na última terça-feira (29) que teria recebido pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.

    Durante a oitiva desta quinta-feira (1º), Dominghetti reafirmou aos senadores presentes o que disse ao jornal. A confusão, no entanto, teve início quando o policial militar apresentou um áudio atribuído ao deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e enviado ao representante oficial da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, sobre uma suposta negociação por vacinas.

    A apresentação do áudio — rejeitado posteriormente por Miranda — gerou dúvidas em senadores governistas, independentes e oposicionistas. O celular de Dominghetti, porém, foi confiscado para passar por uma perícia.

    A CNN sintetiza em tópicos os principais acontecimentos da sessão desta quinta. Confira abaixo:

    O pedido de propina

    No depoimento, Dominghetti detalhou o jantar ocorrido no dia 25 de fevereiro de 2020, no restaurante Vasto, localizado em um shopping de Brasília, onde a propina teria sido pedida.

    Segundo o policial militar, participaram do encontro o então diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias, o tenente-coronel do Exército Marcelo Blanco e um terceiro integrante, que Dominghetti não soube informar se integrava o quadro da pasta da Saúde. 

    O representante da Davati contou aos senadores que “o pedido da majoração foi exclusivamente de Roberto Dias”. Dominghetti, porém, disse ter declinado as negociações.

    Questionado por senadores sobre o motivo de não ter dado voz de prisão aos que lhe ofereceram a propina, o cabo da Polícia Militar mineira justificou que havia um superior hierárquico na reunião —  o tenente-coronel do Exército Marcelo Blanco — e ressaltou ainda que não soube reagir ao pedido por se tratar de algo inesperado.

    O vendedor Luiz Paulo Dominguetti depõe à CPI da Pandemia nesta quinta-feira (1º
    O vendedor Luiz Paulo Dominguetti depõe à CPI da Pandemia nesta quinta-feira (1º)
    Foto: Senado Federal (01.jul.2021)

     

    Reunião com o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco

    Um dia após o jantar com Dias e Blanco, Dominghetti se reuniu com o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco.

    Segundo o vendedor, a proposta de compra de vacinas não havia chegado ao número dois da pasta antes do encontro. 

    Ainda de acordo com o PM, Franco afirmou que validaria a proposta apresentada pela Davati após a entrega de documentos que formalizassem a capacidade da empresa de entregar as doses.

    Contradição da Daviti

    Em nota divulgada nesta quinta-feira, a Davati afirma que Dominghetti intermediou negociações de doses de vacina contra a Covid-19 com o Ministério da Saúde. A empresa ressaltou, no entanto, que ele era um “vendedor autônomo sem vínculo empregatício”.

    As informações prestadas pela empresa, porém, são divergentes das apresentadas nesta quarta-feira (30).

    Os esclarecimentos divulgados ontem pela Davati apontavam que a empresa não tinha conhecimento das negociações entre Dominghetti e o governo federal. 

    Áudio do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF)

    O policial militar apresentou um áudio à CPI do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e afirmou que o parlamentar teria tentado negociar vacinas com a Davati. 

    Logo após a exibição do áudio, Luis Miranda surgiu no Senado Federal e gerou confusão entre os senadores. À imprensa, o deputado afirmou que o áudio foi editado e se referia a compra de luvas em outubro de 2020. Nessa época, ainda não havia imunizantes contra a Covid-19.

    Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, pediu, então, a apreensão do aparelho celular de Dominghetti para passar por uma perícia.

    O CEO da Davati Medical Supply, Cristiano Carvalho, afirmou à analista da CNN Renata Agostini, no entanto, que o áudio exibido na CPI, de fato, não tratava da compra de vacinas. Ele confirmou, porém, que foi ele quem enviou o áudio com a fala de Miranda a Dominghetti.

    Segundo Cristiano, o áudio foi enviado como uma “brincadeira” e que o PM relatou à CPI de “forma errada”. Ainda de acordo com o CEO da Davati, o vendedor estava “muito nervoso” e “se confundiu”.

    O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que atuou boa parte da carreira como delegado de polícia, pediu a prisão em flagrante do depoente por falso testemunho ao divulgar o áudio de Luis Miranda. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), no entanto, disse que não iria aceitar o pedido.

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