PT celebrou eleição fraudulenta de Ortega e tirou nota do ar; entenda
Presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann alegou que conteúdo da nota não havia sido "submetido à direção partidária"
O Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou uma nota no último dia 8 celebrando as eleições fraudulentas na Nicarágua, que confirmaram o quarto mandato consecutivo do ditador Daniel Ortega como presidente do país da América Central.
No dia do pleito na Nicarágua, no último dia 7, outros cinco candidatos disputavam a eleição — todos, porém, estavam presos ou exilados do país.
À CNN Espanhol, exilados relataram ataques e ameaças do regime Ortega.
O PT, no entanto, classificou, em texto publicado no site oficial da legenda, as eleições da Nicarágua como “uma grande manifestação popular e democrática”.
O partido disse ainda que o resultado confirma “o apoio da população a um projeto político que tem como principal objetivo a construção de um país socialmente justo e igualitário”.
Dois dias depois, após diversas críticas contra o posicionamento do partido, o texto foi removido do site.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, alegou que a nota sobre as eleições na Nicarágua “não foi submetida à direção partidária”.
“Nota sobre eleições na Nicarágua não foi submetida à direção partidária. Posição PT em relação a qualquer país é defesa da autodeterminação dos povos, contra interferência externa e respeito à democracia, por parte de governo e oposição. Nossa prioridade é debater o Brasil com o povo brasileiro”, escreveu nas redes sociais.
Presos ou exilados
O processo eleitoral na Nicarágua foi marcado também pelo cancelamento de três partidos políticos que fariam parte da opositora Coalizão Nacional e Aliança Cidadã, bem como a prisão de 39 líderes da oposição entre 28 de maio e 21 de outubro — sete deles aspirantes à Presidência.
No último dia 12, a Organização dos Estados Americanos (OEA) classificou a eleição como “ilegítima“.
Já a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condenou na segunda-feira (22) a prisão de opositores do governo de Ortega, como o ex-embaixador da Nicarágua Edgard Parrales.
Além disso, o processo eleitoral é questionado pelos Estados Unidos, União Europeia e Nações Unidas por considerarem que não existem condições para eleições justas, democráticas e bem observadas.
Segundo o órgão oficial do país, a Aliança Unida Nicarágua Triunfa, liderada pela Frente Nacional Sandinista, venceu o pleito com mais de 75% dos votos.
Lula minimiza ditadura e compara Ortega a Merkel
Em entrevista recente ao jornal El País, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou a ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua.
Lula comparou o tempo em que o ditador e a chanceler alemã Angela Merkel estão no poder, mas afirmou que Ortega errou se mandou prender opositores.
“Temos que defender a autodeterminação dos povos. Sabe, eu não posso ficar torcendo. Por que que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não?”, disse Lula.
“Eu não posso julgar o que aconteceu na Nicarágua. No Brasil eu fui preso”, afirmou o ex-presidente. Ele ressaltou, porém, que Ortega está errado se prendeu opositores para não disputarem a eleição.