Procuradora diz que afastamento de Witzel vai impedir outros atos de desvios
Danelon analisou a decisão do STJ de afastar o governador
A procuradora República Thamea Danelon comentou, em entrevista à CNN, o afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Para ela, não há duvídas do potencial das evidências que afastaram o governador do cargo, por 180 dias. Ela avalia ainda que afastamento cautelar vai ajudar a impedir outros atos de desvios.
“Infelizmente é muito comum que réus investigados por corrupção tentem politizar as acusações e as medidas processuais. Seria mais interessante que eles se defendessem dos fatos contra eles apresentados e tentassem afastar as evidências. Mas como é muito difícil, porque as provas são fartas, os investigados e réus partem para o ataque aos investigadores”, pontuou a procuradora.
E acrescentou: “Portanto, não há dúvidas de que as provas são muito robustas e suficientes para embasar as prisões decretadas. O afastamento cautelar de Witzel já vai ajudar para impedir que outros atos de desvios ou de corrupções sejam praticados”.
O governador alegou inocência nesta sexta-feira (28), disse que não existe “um papel” de prova contra ele e acusou a subprocuradora-geral da República, Lindora Araújo, de influenciar na decisão monocrática do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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“Até me admira Witzel, um ex-juiz federal, se indignar com uma decisão monocrática que é a regra. Na Lava Jato, por exemplo, inúmeras decisões foram proferidas pelo ministro Edson Fachin, que é o relator da operação”, disse.
“É até mais recomendável que decisões que envolvam esse sigilo sejam monocráticas, porque quanto menos pessoas envolvidas tendo acesso à informação sigilosa, melhor. Portanto, não há problema algum nesta decisão”, avaliou Danelon.
Em seu discurso durante coletiva, Witzel também criticou as delações premiadas. A procuradora garantiu que os acordos não existem sem elementos probatórios e que há um processo rigoroso de apuração por parte dos investigadores que conduzem o caso.
“A delação premiada nunca pode vir sem estar carregada de elementos probatórios. Não é apenas a palavra do réu colaborador que será suficiente para desencadear uma busca e apreensão, por exemplo. A própria lei diz que a colaboração deve vir com evidências. Em um primeiro momento, o réu apresenta sua versão, depois, os investigadores vão analisar este material para checar se há evidência”, finalizou.
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(Edição: Sinara Peixoto)