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    Primeiros itens da Presidência foram vendidos por Mauro Cid em junho de 2022, diz PF

    Venda foi totalizada por US$ 68 mil e dinheiro foi depositado na conta do pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

    Tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid em depoimento à CPMI do 8 de janeiro
    Tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid em depoimento à CPMI do 8 de janeiro Foto: Roque de Sá/Agência Senado

    Gabriel FernedaElijonas Maiada CNN

    O relatório da Polícia Federal (PF) que embasou a operação realizada nesta sexta-feira (11) contra desvios de objetos da União identificou que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, vendeu os primeiros itens em 13 de junho de 2022.

    “Prosseguindo na análise do aparelho celular de Mauro Cid, revelou-se que no dia 13 de junho de 2022, às 14h23, ele pesquisou um endereço na cidade de Willow Grove, estado da Pensilvânia/EUA. Evidenciaram que o relógio Rolex Day-Date 18946, presenteado ao ex-Presidente da República Jair Bolsonaro, quando de sua visita oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019, foi efetivamente vendido, em junho de 2022, para o estabelecimento Precision Watches.”

    Ainda segundo as informações do relatório, a venda foi totalizada em US$ 68 mil (equivalente a mais de R$ 346 mil na cotação da época). Junto do Rolex, foi vendido um relógio Patek Philippe.

    Esse montante foi depositado no mesmo dia na conta bancária de Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante Mauro Cid, segundo as investigações.

    O Rolex foi recuperado no dia 14 de março de 2023, pelo advogado Frederick Wassef, que retornou com o bem ao Brasil, em 29 de março de 2023, e o entregou de volta para Mauro Cid.

    PF suspeita que Bolsonaro determinou esquema para vender presentes oficiais

    O relatório da Polícia Federal (PF) que embasou a operação desta sexta-feira (11) apontou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “determinou” que as joias do acervo da Presidência da República recebidas de autoridades árabes fossem direcionadas para o seu acervo privado.

    Além disso, a investigação indica que o material deveria ser vendido e o dinheiro repassado “em espécie” para o ex-presidente.

    Segundo a operação realizada nesta sexta-feira, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, levou para os Estados Unidos presentes recebidos pelo Estado brasileiro com a intenção de vendê-los.

    Ele teria transportado os objetos no mesmo avião presidencial em que Jair Bolsonaro viajou para Orlando, em 30 de dezembro do ano passado, na véspera do fim de seu mandato.

    Veja a linha do tempo:

    Cronologia do Rolex
    Cronologia do Rolex / CNN/Reprodução
    • 13 de junho de 2022: após se desligar da comitiva presidencial no dia 13 de junho de 2022, Mauro Cid viajou de Miami até a cidade de Willow Grove, no estado Pensilvânia. Na cidade, se dirigiu até a sede da loja “Precision Watches” e efetivou a venda do relógio “Rolex Day-Date”, que integrava o denominado “Kit Ouro Branco”, presenteado ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro, durante sua visita oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2019;
    • 13 de junho de 2022 (mesmo dia): Após efetivar a venda do relógio, juntamente com o relógio da marca “Patek Philippe”, o montante de US$ 68 mil foi depositado, no mesmo dia, na conta bancária de Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cesar Barbosa Cid;
    • 14 de março de 2023: o Rolex foi recuperado no dia 14 de março de 2023, pelo advogado Frederick Wassef, que retornou com o bem ao Brasil, em 29 de março de 2023;
    • 2 de abril de 2023: Mauro Cid e Frederick Wassef se encontraram na cidade de São Paulo, momento em que a posse do relógio passou para Mauro Cid;
    • 2 de abril de 2023 (mesmo dia): Cid retornou para Brasília, entregando o relógio para Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro;
    • 4 de abril de 2023: Advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro entregaram o terceiro pacote de joias presenteado pela Arábia Saudita, que inclui um relógio Rolex. A entrega ocorreu em uma agência da Caixa, em Brasília.

    O que diz a defesa de Bolsonaro

    O advogado Fábio Wajngarten, que atua na defesa de Jair Bolsonaro, disse à CNN que ele e seus colegas do time jurídico do ex-presidente não sabiam da operação de recompra de um relógio Rolex nos Estados Unidos.

    De acordo com Wajngarten, que foi secretário de comunicação do governo Bolsonaro, ele estava dando uma orientação jurídica a Cid sobre como proceder, mas desconhecia o paradeiro das joias.

    “A defesa não sabia. Eu estava ali para orientá-los a se antecipar a uma decisão que o TCU tomaria, pegar as joias e entregar. Só isso. Eu não sabia onde elas estavam”, afirmou à CNN.

    Questionado o motivo de não ter perguntado o paradeiro das joias, Wajngarten afirmou que não cabia a ele essa pergunta naquele momento.

    A CNN aguarda posicionamentos dos demais envolvidos.