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    Primeira-dama e ministras visitam Cais do Valongo, no Rio, e reafirmam criação de memorial

    Concepção do projeto deve ser anunciada no dia 21 de março; em maio, governo federal deve divulgar valores, editais e processo para a revitalização do espaço e memorial

    Rafaela Cascardoda CNN , em Rio de Janeiro

    A primeira-dama Janja Lula da Silva e as ministras da Cultura, Margareth Menezes, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, visitaram o Cais do Valongo, no Centro do Rio de Janeiro, na tarde desta quinta-feira (9).

    O presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, o presidente do Iphan, Leandro Grass, e o presidente interino da Fundação Palmares, Marco Antonio Evangelista da Silva, também estiveram no local, além de representantes do Movimento Negro e da sociedade civil.

    A visita marcou a retomada do Comitê Gestor do Cais do Valongo, que tem o papel de estruturar as ações de ocupação, sinalização e qualquer outro tipo de intervenção no sítio arqueológico que, em 2018, foi nomeado como Patrimônio Mundial da Unesco.

    Justamente por causa do título, há exigências da Unesco em relação à conservação, manutenção e gestão do sítio arqueológico. A reinstalação do comitê, que estava instinto desde 2019, era uma delas. A partir de agora deve ser elaborado um plano de gestão para o local.

    As ministras também reafirmaram a criação de um memorial de resgate e preservação da memória e da história dos africanos no Brasil. A concepção do projeto deve ser anunciada no dia 21 de março.

    Já no dia 25 de maio, o governo federal deve divulgar os valores, editais e todo o processo para a revitalização do espaço e a criação do memorial. Há expectativa de que a construção atraia ainda mais turistas para a região.

    O prédio das docas deve ser usado para o projeto. A medida amplia a ideia de criação do Museu da Escravidão, sugerida pelo BNDES. A ministra Anielle Franco afirmou que o nome ainda será decidido por toda comunidade, mas rechaçou o nome proposto pelo BNDES.

    Já Margareth Menezes contou: “Acho que é um marco desse movimento para implantar esse museu, esse memorial, para trazer esse respeito a memória, respeito a história do povo afro-brasileiro a partir do Rio de Janeiro, desse lugar tão emblemático e tão especial, tão grandioso para todos nós. Estou muito emocionada”.

    O Cais do Valongo foi o principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas. O Brasil recebeu perto de quatro milhões de escravos, durante os mais de três séculos de duração do regime escravagista. Pelo Cais do Valongo passaram cerca de um milhão de africanos escravizados em cerca de 40 anos.

    “O papel do BNDES é a execução do projeto. A coordenação é com os Ministérios da Cultura, da Igualdade Racial, Direitos Humanos e a Secretaria para assuntos estratégicos”, afirmou Aloizio Mercadante

    “Nós estamos chamando também a sociedade civil e as entidades do comitê gestor, que vai ser ouvido para tudo. Nada vai ser feito para eles sem eles. É a comunidade que vai decidir cada passo, inclusive o nome”, complementou.

    O Cais do Valongo foi construído em 1811 pela Intendência Geral de Polícia da Corte do Rio de Janeiro. O objetivo era retirar da Rua Direita, atual Rua Primeiro de Março, o desembarque e o comércio de africanos escravizados que eram levados para as plantações de café, fumo e açúcar do interior do estado e de outras regiões do Brasil.

    Os que ficavam na capital geralmente eram os escravos domésticos ou aqueles usados como força de trabalho nas obras públicas. Em 2012, a prefeitura do Rio acatou a sugestão das Organizações dos Movimentos Negros e, em julho do mesmo ano, transformou o espaço em monumento preservado e aberto à visitação pública.

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