“Por que insistir em energia fóssil?”, questiona Marina Silva em Belém
Segundo a ministra, a economia “não pode continuar a achar que os problemas não são do sistema econômico”


A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse, na manhã deste domingo (6), que o mundo não “aguenta mais a competição predatória”, e que é preciso novos “paradigmas” e outras formas de governar para combater desigualdades com sustentabilidade ambiental.
Segundo a ministra, a economia “não pode continuar a achar que os problemas não são do sistema econômico”.
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Sem entrar em detalhes e nem citar nomes, Marina fez referência às tentativas da Petrobras explorar um bloco de petróleo na chamada Margem Equatorial, região onde fica a bacia da Foz do Amazonas.
“A resposta técnica já foi dada. Nós sabemos produzir energia limpa, por que insistir em energia fóssil?”, questionou. “Nós sabemos como fazer para alimentar o planeta inteiro. Por que 33 milhões de pessoas no Brasil ainda passam fome?”, acrescentou.
O Ibama rejeitou em maio o pedido de exploração feito pela estatal, que fez um novo pedido. Ainda não há posição do órgão ambiental.
As declarações da ministra foram feitas durante plenária no “Diálogos Amazônicos”, em Belém. O evento antecede a Cúpula da Amazônia, que começa na segunda-feira (7).
Do lado de fora do saguão onde Marina falou, um grupo de cerca de 50 pessoas protestou contra a exploração de petróleo na região amazônica.
Segundo Marina, não é possível fazer a reunião da Cúpula “com a mesma lógica” dos últimos anos.
“É o momento de reconhecermos que vamos precisar de novas palavras, paradigmas, novas formas de governar, reconhecendo o saber milenar das populações tradicionais, estabelecendo novo ciclo de prosperidade, que fortaleça a democracia, combate à desigualdade, mas que faça isso com sustentabilidade”, afirmou.
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“A mudança do clima mostra que não estamos estabilizados, perda de biodiversidade e mudança nas correntes marítimas, mostram que não estamos, aquecimento do planeta, aumento de temperatura, desequilíbrio das chuvas, mostram quem não estamos estabilizados”.
Conforme a ministra, é preciso transformar em “vantagem distributiva” as vantagens comparativas que o Brasil tem, como riqueza de recursos hídricos, biodiversidade, florestas, terra fértil, diversidade cultural.
“Vamos parar com o conceito de externalidade negativa”, defendeu. “Não é mais externalidade negativa, é externalidade positiva. Todos os países da Amazônia têm vantagens comparativas e vamos distribuir essas vantagens de forma irmã, na cultura, no comércio, ciência, economia, integração cultural e social dos nossos povos”, concluiu.
Os “Diálogos Amazônicos” termina neste domingo (6). A expectativa inicial era de reunir mais de 10 mil pessoas em diferentes debates para embasar a criação de políticas e estratégias para a região amazônica.
Participam do encontro representantes de entidades, movimentos sociais, acadêmicos, centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil e de outros países amazônicos: Bolívia, Colômbia, Guiana, Peru, Venezuela, Equador e Suriname.
A proposta é que essas discussões sejam transformadas em relatórios que serão entregues aos chefes de Estado e de governo, e representantes dos 15 países participantes da Cúpula da Amazônia, que acontece entre os dias 8 e 9 também na capital paraense.
FOTOS: Veja imagens da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo
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Foto de um macaco-barrigudo (Lagothrix lagotricha) visto na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Vista geral do rio Amazonas passando pelo departamento de Amazonas, na Amazônia colombiana. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Vista aérea de região desmatada da Amazônia colombiana, em março de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Cheia do rio Mocoa durante fortes chuvas na Amazônia brasileira, em Mocoa, na Amazônia colombiana, em maio de 2022. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Pegadas humanas deixadas na lama da selva amazônica, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Ponte sob o rio Mocoa durante fortes chuvas na Amazônia colombiana, na cidade de Mocoa, em maio de 2022. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Imagem aérea de zona desmatada na floresta amazônica no estado do Acre, na Amazônia brasileira, em julho de 2022. • Rafael Vilela for The Washington Post via Getty Images
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Boto é visto no rio Amazonas, na Colômbia, na Amazônia, em 4 de abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Fazendeiro olha para fumaça que sobe de incêndio em Alto Rio Guamá, na Amazônia brasileira, em setembro de 2020. • João Paulo Guimarães/picture alliance via Getty Images
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Vista de casa construída à margem do rio Limoeiro, no norte da Amazônia brasileira, em Limoeiro do Ajuru. • Dieh Sacramento/picture alliance via Getty Images
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Vista aérea de região desmatada da Amazônia colombiana, em março de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Grupo do Ibama combate foco de incêndio na cidade de Novo Progresso, no sul do Pará, na Amazônia brasileira, em agosto de 2020. • Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images
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Grupo do Ibama combate foco de incêndio na cidade de Novo Progresso, no sul do Pará, na Amazônia brasileira, em agosto de 2020. • Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images
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Vista da floresta amazônica pela proa de um barco, na cidade de Leticia, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Plantas industriais na floresta amazônica, em Manaus, na Amazônia brasileira, em janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
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Fotografia aérea de seção da floresta amazônica desmatada por incêndios, na região de Candeias do Jamari, em Porto Velho, na Amazônia brasileira, em agosto de 2019. • Victor Moriyama/Getty Images
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Vista do rio Amazonas na cidade de Letícia, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Rio recorta os meandros da Amazônia brasileira em Manaus. Fotografia de janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
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Casal de araras em ninho na Amazônia, em Roraima, em fotografia de novembro de 2017. • Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket via Getty Images
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Família de pai e filhas carregam balde d'água na rodovia Transamazônica, no estado do Pará, na Amazônia brasileira, em novembro de 2017. • Ricardo Funari/Brazil Photos/LightRocket via Getty Images
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Gado é visto em pasto na bacia do alto rio Amazonas, em Rondônia. • Marica van der Meer/Arterra/Universal Images Group via Getty Images
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Acampamento de pesquisa do Amazon Tall Tower Observatory do Instituto Max Planck, na Amazônia brasileira, em Manaus, em janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
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Casal de trinta-réis-grandes, também chamados de andorinha-do-mar, trinta-réis e gaivota, na Amazônia colombiana, em abril de 2023. • Juancho Torres/Anadolu Agency via Getty Images
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Ponte suspensa na floresta amazônia, na Amazônia peruana. • Kike Calvo/Universal Images Group via Getty Images
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Imagens tiradas de um hidroavião mostram nuvens passando pela floresta amazônica, em Manaus, em janeiro de 2023. • Jens Büttner/picture alliance via Getty Images
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Caminhão levanta poeira em estrada da Amazônia enquanto viaja em porção desmatada da floresta amazônica, próximo de Chupinguaia, em Rondônia, em junho de 2017. • Mario Tama/Getty Images