Por PEC, PT negocia adesão formal ao bloco da reeleição de Lira
Se a negociação evoluir, PT formaria bloco parlamentar para a eleição da Mesa da Câmara com partidos que hoje integram a base de Bolsonaro
Interlocutores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), informaram à CNN que o PT sinalizou ao parlamentar a possibilidade de aderir formalmente ao bloco parlamentar em formação para a sua reeleição em troca do envolvimento maior dele na aprovação da PEC do Estouro.
Se a negociação evoluir, o PT formaria um bloco parlamentar para a eleição da Mesa da Câmara junto com partidos que hoje integram formalmente a base parlamentar do presidente Jair Bolsonaro (PL), como PP e Republicanos. Em contrapartida, Lira ajudaria o governo eleito a aprovar a PEC do Estouro.
A articulação é vista pelos dois lados como um possível embrião do que viria a ser uma base aliada do futuro governo Lula que na largada da nova legislatura apoiaria conjuntamente também a reeleição de Arthur Lira. O número estimado de parlamentares é de algo entre 300 e 350 deputados.
A posição manifestada pelo Republicanos na tarde desta quinta-feira foi considerada um sinal claro desse movimento. O partido, que integra a base de Bolsonaro e apoiou formalmente a reeleição do presidente, divulgou uma nota na qual diz que não fará oposição a Lula (declarou-se “independente”) e que apoiará a reeleição de Lira.
Outros partidos de centro que não integram a base atual de Bolsonaro já têm feito movimento mais incisivo nesse sentido: abriram diálogo com o governo eleito e deverão integrar também o bloco de apoio a Lira. É o caso por exemplo de PSD, União Brasil e MDB.
No entanto, há dois fatores que hoje podem travar essa negociação. O primeiro é que esses partidos têm cobrado nos bastidores um posicionamento mais claro do governo eleito sobre a montagem do governo – e sua posição na Esplanada.
O PSD, por exemplo, tem feito cobranças nesse sentido. Na tarde desta quinta-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse ainda não haver consenso sobre o texto da PEC.
Outro fator é que o Congresso atual quer evitar que o texto da PEC dê uma licença para gastar por quatro anos ao novo governo, uma vez que isso eliminaria o poder de barganha dos parlamentares diante do Palácio do Planalto. Em contraponto, a imposição de um waiver fiscal por apenas um ano obrigaria o governo a sentar para negociar com o Congresso anualmente.
Um terceiro fator para a consolidação do bloco para eleger Lira — e fazer nascer o embrião da base de Lula — é o PL. Nos bastidores a cúpula do partido tem sinalizado não querer integrar o bloco de Lira se o PT estiver nele.
A pressão parte principalmente dos deputados bolsonaristas. O receio de Lira, segundo seus aliados, é que se o PL e seus 101 deputados não integrarem o bloco, possa surgir uma candidatura adversária viável.