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    Políticos do PSOL pedem que MP investigue uso do Theatro Municipal para homenagem a Michelle Bolsonaro em SP

    Parlamentares argumentam que o prefeito Ricardo Nunes estaria utilizando bem público para interesse pessoal

    O Theatro Municipal vai sediar a entrega do título de cidadã paulistana à Michelle Bolsonaro
    O Theatro Municipal vai sediar a entrega do título de cidadã paulistana à Michelle Bolsonaro Wikimedia Commons

    Lucas Schroederda CNNMaria Clara Matosda CNN*

    São Paulo

    Três parlamentares do PSOL apresentaram um pedido de investigação sobre uma homenagem à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

    No dia 25 de março, em cerimônia no Theatro Municipal de São Paulo, Michelle será condecorada como cidadã paulistana.

    A manifestação dos políticos do PSOL foi entregue ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e ao Ministério Público Eleitoral (MPE) nesta quarta-feira (13).

    A solicitação foi assinada pelo vereador Celso Giannazi (PSOL), pela deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) e pelo deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP).

    Nos pedidos, os parlamentares do PSOL dizem que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) estaria realizando propaganda eleitoral antecipada e também teria cometido o crime de peculato, quando há apropriação de dinheiro ou móvel público para benefício pessoal.

    A homenagem a Michelle foi proposta pelo vereador Rinaldi Digilio (União) e aprovada em novembro do ano passado pela Câmara Municipal, quando a base de apoio ao prefeito votou a favor. 

    Segundo o pedido de investigação enviado pelos parlamentares, o aluguel do espaço, mantido pelos “impostos da população”, custa cerca de R$ 150 mil por noite para cerimônias privadas.

    A equipe do vereador Rinaldi, contudo, afirmou à CNN que os custos ainda não foram estimados, e classificou os valores propostos pelo PSOL como “exorbitantes”, sem base alguma na realidade atual da organização do evento.

    “O Theatro Municipal é um espaço público. O evento será um evento público, e não um evento privado”, comentou a assessoria do vereador paulistano.

    Inicialmente previsto para acontecer na Câmara Municipal como acontecem outras entregas de títulos do gênero, o Theatro Municipal foi escolhido pela Câmara lidar com um “conflito de agendas”, explica a equipe de Digilio.

    Os parlamentares do PSOL citaram possíveis pretensões da ex-primeira-dama de entrar na política e a ligação do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu marido.

    “Michelle Bolsonaro, do mesmo partido do ex-presidente, é forte candidata ao Senado Federal nas eleições de 2026 e possui grande relevância política para Nunes na campanha deste ano à Prefeitura de São Paulo”, diz o documento dos parlamentares.

    Para eles, o uso do Theatro Municipal para sediar o evento beneficiaria eleitoralmente Nunes, que supostamente estaria praticando “abuso de poder público” por permitir que a edificação fosse utilizada. Os parlamentares do PSOL pedem que o evento seja vetado.

    O PSOL, por sua vez, é o partido do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), adversário de Nunes na eleição de outubro pela prefeitura paulistana.

    A CNN entrou em contato com a assessoria da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e aguarda retorno.

    Resposta da prefeitura

    Em nota oficial enviada por meio da Secretaria de Cultura, a prefeitura de São Paulo afirmou que é normal a cessão de espaço para eventos de órgãos públicos, como o caso da homenagem a ex-primeira-dama.

    “Os espaços do Complexo Theatro Municipal já foram utilizados para realização de eventos de interesse de diversos órgãos públicos em diferentes esferas, como secretarias municipais, OAB/SP, Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Tribunal Regional do Trabalho, Ministério Público, entre outros”, explica a nota.

    A prefeitura também explica que a concessão do título de cidadão paulistano, como a que será entregue à Michelle Bolsonaro, “notadamente é matéria de interesse público e de competência privativa da própria Câmara Municipal”, e que o evento foi autorizado pela Organização Social, responsável pelo teatro.

    *Sob supervisão de Nathan Lopes