Polícia Militar do DF proíbe manifestações nas redes sociais após 8 de janeiro
Portaria foi publicada em 10 de abril em um boletim interno; PMs contaram à CNN que não estavam sabendo


O Comando-Geral da PMDF emitiu uma portaria para proibir militares da corporação de se manifestarem nas mídias sociais com informações que “violem o valor, a ética e e a honra pessoal dos militares”.
A nova regra foi elaborada após críticas e na esteira de investigações sobre a conduta dos policiais durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
O documento, assinado pelo comandante-geral da PMDF, Klepter Rosa Gonçalves, detalha que a proibição inclui publicações de texto, em imagem, vídeos, áudios, comentários, bem como compartilhamento ou interações nas mídias sociais.
Além disso, caberá aos comandantes, chefes e diretores orientar os subordinados. Segundo o texto, atos que infringirem a nova norma serão apurados pela Corregedoria.
“O Estado-Maior elaborará propostas de atos normativos que atualizem o uso de mídias sociais por policiais militares”, informa a publicação.
A regra entrou em vigor no último dia 10 de abril e, segundo a corporação, foi publicada em boletim interno. O acesso é permitido a todos os militares através da rede interna da Polícia Militar.
No entanto, cinco coronéis e comandantes de batalhões centrais em Brasília, ouvidos pela CNN, afirmaram que não estavam sabendo da nova norma e não foram avisados.
“Ainda não chegou para mim”, disse um coronel nesta quarta-feira (26), três semanas depois do documento ser expedido. “Não estou sabendo de nada, fiquei sabendo por você”, disse outro oficial à reportagem, na condição de anonimato.
Investigações
Em 30 de março, a Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) indiciou seis militares investigados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram vandalizadas em Brasília.
Os seis são oficiais da corporação e estavam no dia 8. Um deles, conforme apuração da CNN, foi o coronel Jorge Eduardo Naime, então diretor de Operações da PM, que estava de folga, mas compareceu à Esplanada no dia para atuar.
Outro indiciado foi o major Claudio Santos, que foi flagrado incentivando atos e é investigado por fazer uma espécie de “caixinha” de pix de manifestantes.
Segundo a PF, que o prendeu na operação Lesa Pátria, o militar usava o nome da PMDF para ter autoridade perante às pessoas que estavam acampadas no QG do Exército.
No dia dos ataques aos Três Poderes, policiais militares fardados foram flagrados posando para fotos enquanto o Congresso Nacional era invadido. Eles também são investigados pela Corregedoria.