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    Polícia Federal prende ativista Sara Winter em Brasília

    Ativista é líder do movimento chamado "300 do Brasil", que esteve acampado em Brasília em apoio a Bolsonaro

    Murillo Ferrari, da CNN, em São Paulo

    A Polícia Federal prendeu a ativista Sara Winter, em uma operação realizada na manhã desta segunda-feira (15) em Brasília. Sara é líder do movimento chamado “300 do Brasil”, que esteve acampado em Brasília em apoio a Bolsonaro e foi removido no fim da última semana, por determinação do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.

    O pedido de prisão, aceito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que investiga ações antidemocráticas.

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    A PGR afirmou que apresentou os pedidos de prisão temporária, por cinco dias (prorrogáveis por mais cinco), sexta-feira (12), a partir de indícios, obtidos pelo Ministério Público Federal (MPF), de que o grupo continua organizando e captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional.

    Na ordem de prisão, Moraes determina: “Consigno que o cumprimento da ordem deve ocorrer com a máxima discrição e com a menor ostensividade, havendo auxílio de força policial somente em caso de extrema necessidade”.

    Mandado de prisão temporária de Sara Winter, ativista bolsonarista
    Mandado de prisão temporária de Sara Fernanda Giromini, a Sara Winter, ativista bolsonarista
    Foto: CNN

    Os agentes da PF cumprem mais cinco mandados de prisão contra outros integrantes do grupo “300 do Brasil”. De acordo com o analista de política da CNN Igor Gadelha, Sara Winter foi levada para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

    Winter também está entre os investigados pela Polícia Federal no inquérito que apura fake news e ataques a ministros do STF, do qual Moraes é relator na Corte. No dia, 27 de maio, ela afirmou, por meio do perfil que mantém no Twitter, que os agentes da PF estiveram na casa dela.

    Na ocasião, a militante chamou o ministro do STF Alexandres de Moraes de covarde e disse que ele não a calaria. “Levaram meu celular e notebook. Estou praticamente incomunicável”, escreveu na conta que mantém na rede social.

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    #SaraWinter #300doBrasil #políciafederal

    Uma publicação compartilhada por 300 do Brasil (@300dobrasiloficial) em 15 de Jun, 2020 às 3:17 PDT

    A prisão da ativista também foi confirmada nas redes sociais pelo “300 do Brasil”. Em mensagem no Instagram, o grupo escreveu: “Sara Winter acaba de ser presa pela Polícia Federal”.

    A conta de Sara Winter no Twitter publicou uma mensagem pouco mais de uma hora depois que ela foi presa. O texto que ironiza o inquérito que apura as ações antidemocráticas.

    “Sara Winter foi presa por conta de uma investigação sobre financiamento de protestos antidemocráticos. Isso mesmo, as manifestações onde idosos, crianças, deficientes, mulheres participavam em apoio ao PR @jairbolsonaro é a tal manifestação ‘antidemocrática’”, diz o texto, assinado por alguém que se identificou como “Adm” [administrador] da conta.

    O advogado de Sara, Bertoni Barbosa de Oliveira, afirmou nesta tarde que a prisão “foi exclusivamente pelos fogos de artifícios que foram lançados contra o STF”. “No dia e horário dos acontecimentos, Sara Winter estava em casa, nós temos uma montanha de álibis para provar isso. Temos imagens, testemunhas, vizinhança. Essa prisão está sendo injusta. A PF está apenas cumprindo ordens do STF e nós, como advogados, estamos tentando obter acesso ao inquérito para defender nossa cliente. Como sabemos o motivo para qual ela está presa, iremos conseguir derrubar rapidamente esta prisão temporária”, disse.

    Pelo Twitter, Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, afirmou que considera correta a “prisão de radicais (…) que ameaçam ministros [do STF]”.

    “A prisão de radicais que, a pretexto de criticar o STF, ameaçam explicitamente a instituição e seus ministros, é correta. A liberdade de expressão protege opiniões, mas não ameaças e crimes. O debate público pode ser veemente, mas não criminoso”, escreveu Moro.

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    Invasão do Congresso

    No sábado (13), Sara divulgou imagens de uma tentativa de invasão ao Congresso Nacional por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que foi à área externa do Congresso.

    Também no sábado, ela postou nas redes sociais que a Polícia Militar do Distrito Federal, junto com a Secretaria de Segurança, desmontou o acampamento montado pelos apoiadores na Esplanada dos Ministérios.

    Winter, que é ex-assessora de confiança da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, protestou no Twitter. “Hoje às 6 (horas) da manhã a PMDF junto à Secretaria de Segurança desmantelou baixo (sic) gás de pimenta e agressões. Barracas, geradores, tendas, tudo tomado à força! A militância bolsonarista foi destruída hoje. Presidente, reaja!”

    Expulsão do DEM

    No começo de junho, o presidente nacional do Democratas e prefeito de Salvador, ACM Neto, assinou a expulsão de Sara Winter do partido.

    ACM utilizou o código de ética e o estatuto do partido para assinar a expulsão sumária de Sara Winter, que era filiada ao diretório do DEM no Rio de Janeiro.

    Reação de Carla Zambelli

    A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), também investigada no inquérito do STF sobre notícias falsas, divulgou uma nota em que critica a prisão de Sara Winter, apesar de ressaltar que tinha sugerido à ativista que “baixasse a temperatura” dos protestos.

    “Ela [Sara] fez o contrário, aumentou a temperatura e tem uma personalidade explosiva, mas nem de longe é uma pessoa perigosa. Estamos em tensão constante, pois membros do STF vem invadindo os poderes Executivo e Legislativo”, afirmou Zambelli.

    A deputada questiona se não seria possível adotar outras medidas contra a ativista e outros membros de seu grupo de manifestantes. “Zé Rainha, se tivesse feito o mesmo, estaria preso?”, questionou Zambelli, em referência ao ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

    (Com informações de João Vianey Bentes e Rudá Moreira, da CNN, em Brasília. Edição: Sinara Peixoto)

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