PGR é contra investigar Bolsonaro por interferência no caso Milton Ribeiro
Pedido era para apurar declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro de que teria havido tentativa de interferência política do presidente da República na PF
A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou, nesta segunda-feira (29), contra um pedido apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para que o presidente Jair Bolsonaro fosse investigado por uma suposta nova interferência na Polícia Federal no caso envolvendo o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
O pedido de Randolfe era para que essa suposta nova interferência fosse investigada dentro no inquérito instaurado para apurar declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro de que teria havido tentativa de interferência política do presidente da República na PF.
No entendimento da PGR, esse caso envolvendo o ex-ministro Milton Ribeiro já está sendo analisado em outro inquérito na Corte. Atualmente, o processo corre sob sigilo.
No fim de junho, o juiz Renato Borelli determinou que o caso fosse enviado ao STF após a investigação apontar uma suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na operação da Polícia Federal que prendeu o ex-ministro.
“Ante o exposto, o Ministério Público Federal requer seja negado seguimento ao último pedido incidental deduzido nos autos pelo Senador da República Randolph Frederich Rodrigues Alves, com o consequente desentranhamento deste inquérito, sob os fundamentos de falta de legitimidade ad causam e pelos fatos representados já serem objeto do anterior Inquérito nº 4.896/DF”, disse.
Para a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, o pedido feito por Randolfe Rodrigues apenas menciona reportagens jornalísticas, sem novos elementos para colaborar com as investigações em andamento.
“A representação criminal do Senador da República Randolph Frederich Rodrigues Alves apenas narrou o teor de matéria jornalística, que, por sua vez, fez menção à investigação que foi declinada da primeira instância à Corte Superior e está conclusa e preventa à Relatora Ministra Cármen Lúcia, sem que o pedido incidental possa inovar ou trazer consigo quaisquer elementos que, de fato, possam contribuir para a outra investigação em andamento”, justificou.
O senador alegou, em seu pedido, que o presidente Jair Bolsonaro teria interferido na Polícia Federal para ajudar Milton Ribeiro no momento em que ele foi preso, em junho deste ano.
Na oportunidade, Ribeiro foi preso pela PF em Santos, no litoral paulista, e seria levado a Brasília para ser ouvido pelas autoridades. Esse plano foi modificado e a PF decidiu manter o ex-ministro no próprio estado de São Paulo.